Lançada em setembro, a sonda Osiris-Rex vai ser a primeira da Nasa a colher material de um asteroide e enviá-lo à Terra. É a terceira etapa da missão New Frontiers da agência espacial americana, a qual inclui a New Horizons, que passou por Plutão em 2015, e a Juno, que chegou a Júpiter em julho. A astronave de US$ 800 milhões, com 2 mil quilos de peso e o tamanho de uma van, tem como alvo Bennu, um corpo esférico da cor do carvão, com cerca de 500 metros de diâmetro, que orbita o Sol a mais de 100 mil quilômetros por hora.

O material coletado permitirá compreender melhor a origem da água no Sistema Solar e das moléculas que propiciaram o surgimento da vida. Também importantes são os dados que a sonda enviará sobre o conteúdo desses corpos e como se defender caso um deles ameace a Terra. A Osiris-Rex deverá chegar ao Bennu em agosto de 2018 e passará dois anos mapeando sua superfície. Ao localizarem um ponto adequado, os cientistas da missão farão a nave se aproximar, explodir a área com um jato de nitrogênio e recolher com um braço robótico pelo menos 60 gramas do material deslocado.

Depois, a Osiris-Rex se afastará do Bennu e porá o conteúdo recolhido numa cápsula que deverá pousar em Utah (EUA) em 2023. (Esse não é um feito inédito: a sonda japonesa Hayabusa enviou à Terra menos de um miligrama de material do asteroide Itokawa em 2005.) Considerado o asteroide potencialmente mais perigoso, o Bennu tem órbita semelhante à da Terra, da qual se aproxima a cada seis anos. A maior aproximação deverá ocorrer em 2135, quando ele passará entre a Terra e a Lua, a cerca de 300 mil km do planeta.

Uma das questões que o Bennu poderá solucionar é como a luz solar afeta as órbitas dos asteroides. Conforme sua distância do Sol, esses corpos se aquecem e se resfriam, e o calor repassado ao espaço gera uma pequena aceleração que, com o tempo, pode trazer alterações de curso (o chamado efeito de Yarkovsky). “Gostaríamos de compreender e medir isso muito mais precisamente quando estivermos no Bennu, e, a partir daí, aperfeiçoar nossa exatidão preditiva para outros asteroides que possam representar ameaça à Terra no futuro”, diz Ed Beshore, da Universidade Estadual do Arizona, um dos integrantes da missão.

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