Joe Bergman prepara iscas para a captura de lagostas, uma das principais atividades econômicas da região do Estreito de Long Island. Desde 1999, os lagosteiros estão sendo duramente atingidos pelas mudanças ambientais verificadas na área.

O Estreito de Long Island é um braço de mar do Oceano Atlântico, entre os rios East (que banha Nova York, a oeste) e Connec- Uma população que ultrapassa 8 milhões de pessoas vive em sua bacia hidrográfica. Mas o estreito está poluído. Nova York e outros sistemas municipais de esgoto despejam há muito tempo poluentes como o nitrogênio nas águas, o que contribui para torná- las uma zona morta. Sedimentos poluídos do porto, do rio e da dragagem do canal foram jogados em quatro pontos do estreito. Oticut (a leste). A região proporciona benefícios econômicos e recreativos para milhões de pessoas, enquanto oferece hábitats naturais para mais de 170 espécies de peixes e dúzias de espécies de pássaros migratórios.

Uma população que ultrapassa 8 milhões de pessoas vive em sua bacia hidrográfica. Mas o estreito está poluído. Nova York e outros sistemas municipais de esgoto despejam há muito tempo poluentes como o nitrogênio nas águas, o que contribui para torná- las uma zona morta. Sedimentos poluídos do porto, do rio e da dragagem do canal foram jogados em quatro pontos do estreito.

Um estudo divulgado na revista Science mostrou que há um número crescente de áreas em oceanos ao redor do mundo onde existem níveis de oxigênio inferiores ao adequado. Os pesquisadores chamam essas áreas de “zonas mortas” (dead zones) e afirmam que elas estão danificando os ecossistemas marinhos. Uma das maiores áreas em que isso ocorre nos Estados Unidos é justamente o Estreito de Long Island, localizado entre a ilha e o litoral do Estado de Connecticut. Os pescadores profissionais de lagosta na área sofreram uma queda violenta de produção a partir de 1999, quando começaram a capturar armadilhas repletas de lagostas mortas – um fenômeno ainda inexplicado. A pesca no Estreito de Long Island caiu de 5,4 milhões de quilos, em 1998, para pouco mais de 1,3 milhão de quilos, em 2007. Conseqüentemente, o número de lagosteiros parados (muitos dos quais estão procurando outras maneiras de viver) e de armadilhas colocadas no estreito caiu. Em 1998, as armadilhas utilizadas somavam 500 mil; no ano passado, essa quantidade havia sido reduzida à metade.

Uma pesquisa recente descobriu que as substâncias químicas não filtradas provenientes da água do esgoto nas plantas de processamento e no escoamento do esgoto de áreas metropolitanas são grandes responsáveis pelo efeito “zona morta”.

 

Joe Bergman puxa para o barco de Richard Sawyer armadilha com lagostas pescadas; outro lagosteiro, Ryan (esquerda), recolhe a armadilha, sob o olhar de Sawyer; Sawyer pilota seu barco; exemplar capturado é examinado. A família de Sawyer vive da pesca da lagosta no Estreito de Long Island desde os anos 1850.

O ESTREITO DE LONG ISLAND não é a única zona morta nos mares do mundo. Segundo um estudo de 2008 publicado na revista Science, feito pelo oceanógrafo Robert Diaz, do Virginia Institute of Marine Science, e pelo ecologista marinho Rutger Rosenberg, da Universidade de Gotemburgo (Suécia), já existem nos oceanos mais de 400 zonas mortas – regiões nas quais o baixo nível de oxigênio (denominado hipoxia), fenômeno derivado sobretudo de atividades humanas, pode ser insuficiente para dar suporte a peixes e outras formas de vida marinha. O nitrogênio e o fósforo contidos em fertilizantes químicos são a principal causa do desastre, mas ele também pode ter origem em resíduos industriais ou fenômenos naturais. Aqui estão algumas das demais regiões que sofrem com esse problema.

Mar Báltico – Quase que um grande lago (sua única ligação com o Mar do Norte é o Kattegat, estreito entre a Dinamarca e a Suécia), o Báltico é considerado a maior zona morta do mundo. Com cerca de 378.000 km2, ele sofre com a pouca circulação de água e o despejo de fertilizantes agrícolas em suas águas.

Golfo do México – Uma área de mais de 22.000 km2 recebe fertilizantes despejados ao longo da bacia do rio Mississippi – que cruza, vale lembrar, o Meio-Oeste, a mais importante região do agronegócio norte-americano. A pesca de camarão naquela parte do mar já está seriamente afetada.

Golfo da Califórnia – O excesso de fertilizantes utilizados na cultura de trigo no Vale Yaqui favorece a rápida proliferação de algas nas águas litorâneas desse vasto braço de mar no Oceano Pacífico, que o oceanógrafo Jacques Cousteau chamou de “o aquário do mundo”. Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade Stanford em 2005 definiu em 577 km2 a área ocupada por essa zona morta.

Chesapeake Bay – Essa baía de 11.600 km2 localizada na costa leste dos Estados Unidos foi uma das primeiras zonas mortas detectadas, ainda na década de 1970. A origem do problema são os resíduos de fertilizantes e despejos industriais levados pelos rios que desembocam na região. Uma atividade econômica particularmente afetada foi a indústria de ostras, um animal que serve como filtro natural para as águas da baía. Estudos mostraram que, enquanto nos tempos pré-coloniais as ostras precisavam de 3,3 dias para filtrar toda a água da baía, em 1998 esse tempo havia subido para 325 dias.

Baía de Guanabara – Uma das regiões mais belas do mundo, a Baía de Guanabara, com seus 412 km2, sofre com o despejo de esgoto não tratado e resíduos industriais, que têm afastado os peixes e os pássaros. As medidas anunciadas para recuperar a área ainda são tímidas.

Pesquisa: Equipe Planeta Fotos de

Adam Roundtree/Zuma Press/Keystone