No ano da conferência da ONU sobre mudança climática em Paris, a COP21, as informações científicas mais recentes a respeito do aquecimento global têm diminuído a força de setores econômicos e políticos contrários a mudanças que reduzam o uso de combustíveis fósseis, e também de cientistas “céticos” que dão suporte teórico a eles. São duas as razões para isso:

• Em primeiro lugar, a robustez da evidência científica relacionada à mudança climática tem aumentado. A longa pausa de mais de 15 anos em que a temperatura média da Terra aparentemente não havia subido foi explicada a partir de erros na análise dos dados, que foram posteriormente ­corrigidos.

• Em segundo lugar, a apresentação prévia de compromissos sérios para a conferência de Paris, tanto da China como do Brasil, dos Estados Unidos e de outros protagonistas na produção de gases do efeito estufa, indicando que vão reduzir suas emissões, torna mais evidente que a influência dos “céticos” nesse terreno de fato diminuiu.

Enquanto isso, o aquecimento global continua a castigar os mares e oceanos do planeta. O principal problema que ele acarreta é a elevação do nível dos oceanos, devido à expansão da água relacionada ao aumento da temperatura que está sendo observado. O derretimento do gelo nas calotas polares está contribuindo para essa elevação. A recuperação e a preservação dos oceanos é um problema complexo, que, nas condições atuais, e em termos de urgência, comporta dois tipos de ações.

O problema que deve ser atacado em prazo mais curto é o da poluição localizada, isto é, o lançamento de esgotos, detritos e petróleo nos mares. É o que acontece, infelizmente, na Baía de Guanabara e no Recôncavo Baiano, para mencionar dois exemplos brasileiros. Isso tem de diminuir. A longo prazo, no entanto, somente a redução global das emissões de dióxido de carbono e de outros gases causadores do efeito estufa vai impedir que o nível dos mares continue a subir.

Desta vez, porém, temos motivos para estar mais otimistas e acreditar que a realização da COP21 pode trazer avanços efetivos nessa área. Diferentemente do que ocorreu no passado, temos agora protagonistas como a União Europeia, os Estados Unidos, a China e o Brasil engajados em solucionar o problema. Em conjunto, esses países representam mais de 50% das emissões atuais de gases do efeito estufa.