Durante os 41 testes nucleares realizados entre 1966 e 1974 pela França no Oceano Pacífico, os habitantes dos arquipélagos da Polinésia Francesa foram expostos a doses de radiação de duas a 20 vezes superiores àquelas estimadas anteriormente pela Comissão de Energia Atômica da França, em 2005. A conclusão consta de uma análise realizada pelo projeto Arquivos Moruroa e divulgada em 9 de março.

Os resultados foram apresentados ao público não especializado nas formas de site e livro, produzidos por uma colaboração entre a organização francesa para jornalismo investigativo Disclose, o coletivo de pesquisadores, arquitetos e designers Interprt, ligado à Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e uma equipe de pesquisadores liderada por Sébastien Philippe, do Programa de Ciência e Segurança Global da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Em um artigo científico, Philippe e colaboradores apresentam os detalhes da análise dos dados registrados durante os testes pelos militares franceses (arXiv.org, 9 de março).

A maioria das informações vem de documentos secretos que só vieram a público em 2013. De acordo com a nova estimativa, o número de pessoas com direito à indenização pela lei francesa seria 10 vezes maior do que aquele reconhecido inicialmente pelo governo e somaria cerca de 10 mil pessoas que desenvolveram câncer entre 1975 e 2020.

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.