Sergey Brin, criador do site Google, alardeia o lançamento dos novos óculos tecnológicos da sua empresa há pelo menos um ano. Em março, duas mil unidades do primeiro modelo foram colocadas à venda nos Estados Unidos por US$ 1,5 mil, apenas para a elite que se cadastrou no Google I/O 2012, um evento para desenvolvedores e profissionais de tecnologia. Até então, pouca gente, além da equipe de Brin, havia tido a chance de experimentar o produto. À primeira vista, a menina dos olhos do Google – com perdão pelo trocadilho – arranca interjeições de entusiasmo e algum ceticismo.

O aparelho resume as funções de um smartphone, mas não é capaz de fazer ligações se não estiver conectado a um telefone. A intenção do Google era trazer as ferramentas tecnológicas para mais próximo dos sentidos, ao alcance da visão, daí a escolha dos óculos. A máquina conecta o usuário à internet e aos serviços do Google, abrindo um visor na parte interna da lente, e também tira fotos e grava vídeos com comando de voz ou toque. Na lateral da armação, há uma caixa com sensores de toque manual para a navegação; na extremidade, uma câmera; e, na curva, acima do olho direito, uma pequena tela onde aparecem informações.

Deficiência visual

Os óculos não servem para míopes ou deficientes visuais. Se lentes de contato não forem opção, tudo o que eles verão no display é um borrão. Existe, entretanto, a opção de acoplar lentes especiais em alguns modelos.

Tudo somado, o conjunto ganha um ar esquisito. “É como se alguém nos anos 1960 tentasse imaginar como seria um artefato desses em 2013”, descreveu o americano Joshua Topolsky, editor-chefe do site de tecnologia Th e Verge. A aparência cafona tem sido uma das críticas mais frequentes. Embora seja uma preocupação menor, não foi ignorada. O jornal The New York Times afirma que a empresa já firmou uma parceria com uma companhia de design para remodelar e embelezar o produto.

O que realmente entusiasmou os primeiros usuários são os recursos comuns da tecnologia smartphone, acionados por comandos de voz ou de toque, sem precisar recorrer a uma tela fora do alcance da vista. Tirar fotos e fazer vídeos sem usar as mãos e compartilhar tudo instantaneamente é, talvez, a funcionalidade mais interessante e empolgante do glass.

Outro ponto alto, de acordo com Tim Stevens, editor-chefe do site de tecnologia Engadget, é a navegação. Segundo ele, procurar direções por meio da tela dos óculos enquanto se dirige ou se caminha é mais eficiente e distrai menos o usuário do que usar aparelhos de GPS. Não poder salvar rotas, porém, é uma deficiência que precisa ser repensada. Fazer consultas rápidas e simples na internet, como calcular os 10% de serviço numa conta de bar, também funciona bem.

Em contrapartida, o sistema de áudio é fraco; a bateria dura menos do que o prometido. Os testes apontam para uma média de cinco horas. Não é possível ditar textos longos e a qualidade das fotos com pouca luz é baixa. Ouvir música pelos audiofones é uma experiência sofrível. Esses detalhes técnicos que incomodam os geeks, fanáticos por tecnologia, podem ser ajustados nos modelos futuros até o lançamento oficial, previsto para o fim de 2013 ou início de 2014.

“A versão atual do Google Glass é um primeiro protótipo, direcionado para desenvolvedores e alguns sortudos”, adverte Stevens no site. Ele recomenda aos fãs esperarem até a terceira versão do modelo, possivelmente mais aprimorada e barata.