Os benefícios da educação para crianças refugiadas são enormes. No campo de Zaa­tari, na Jordânia, um projeto de educação da Unesco está dando uma nova esperança para meninos e meninas sírias. O projeto traz educação e apoio psicossocial a cerca de 200 crianças em idade escolar no campo, onde estão 80 mil sírios que fugiram da guerra em seu país. Metade das 30 mil crianças sírias em idade escolar no acampamento está fora da escola.

Duas­ crianças do projeto e seu professor contam como suas vidas mudaram com a ação da Unesco, financiada pela União Europeia e implementada em parceria com a War Child UK.

Ayad, 11 anos, viu dois de seus amigos serem baleados e morrerem na Síria. Foi a gota d’água para o seu pai, que decidiu levar a família para a Jordânia. A mudança deixou Ayad ansioso, agressivo e incapaz de estudar. Ao lado de 109 outros meninos e meninas, ele concluiu a educação informal de três meses e um programa de apoio psicossocial que lhe permitiu continuar sua educação e fazer amizades.
“Eles tinham diferentes exercícios de confiança que ajudaram a reduzir minha ansiedade, enquanto fortaleciam meu relacionamento com os novos amigos. Quase não faltei, amei vir aqui!”, disse.
O que ele espera para o futuro? “Quero ser professor, assim como meu professor, sr. Mahmoud. Ele me fez sentir amado e até respeitado. Quero fazer outras crianças terem o que me foi dado.”

Najwa, 10 anos, chegou ao acampamento depois de sofrer um golpe terrível. “Meu pai morreu na Síria. Durante o cerco em nossa cidade pelos exércitos em guerra, ele saiu para nos conseguir comida porque estávamos morrendo de fome, mas não voltou vivo. Foi quando minha mãe decidiu levar-nos para a Jordânia.”
Ela tem feito enormes avanços na escola – suas notas de início eram 1 em matemática e 0 em árabe, e no fim eram 10 nas duas matérias.
Sua esperança para o futuro? “Quero ser professora de pintura. Não vou abandonar meu sonho.”

Mahmoud, 27 anos, é um refugiado sírio que trabalha como professor com a War Child UK, integrando a equipe do projeto Unesco-UE em Zaatari.
“Quando cheguei aqui, achei que a estadia seria temporária e que em breve todos voltaríamos para casa. Quando isso não aconteceu, comecei a procurar emprego. De início procurei uma posição de ensino, mas não encontrei nada no campo na época, então juntei as crianças do bairro e dei aulas para elas. Senti que precisava ajudar as crianças, uma vez que elas não estavam recebendo sua educação em qualquer outro lugar.”
Mahmoud é muito popular entre seus alunos. “Gosto de fazer as crianças se sentirem envolvidas e animadas, e de fazê-las rir durante a aula. Sou um mentor, bem como um professor, e sempre tento ser um bom modelo para elas.”
Sua esperança para o futuro? “Quero que meus alunos voltem para escolas formais. Para mim, quero continuar minha educação e obter o mestrado. Aprender nunca para, nem pararei eu.”

Patrimônio Cultural
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