O mais avançado chip de computador, revelado ao mundo pela IBM norte-americana, possui 256 neurônios. Já o cérebro humano possui 100 bilhões de neurônios, pelos quais circulam 100 trilhões de sinapses. Em termos numéricos, portanto, falta muito para termos máquinas com inteligência comparável à humana. Muita gente duvida que a inteligência possa ser replicada mecanicamente. Mesmo que seja, há que se perguntar se vale a pena. Talvez máquinas inteligentes nos tornem mais burros.

A espécie humana, entretanto, é a única capaz de acumular cultura, por meio da linguagem e da tecnologia, e de transmiti-la hereditariamente como vantagem evolutiva, sobredeterminando sua própria biologia. Para tanto, concebemos máquinas cada vez mais inteligentes, capazes de nos livrar de tarefas pesadas, arriscadas ou repetitivas, e de tornar a civilização mais desfrutável. Precisamos de robôs bombeiros programados para entrar em salas em chamas, de robôs soldados desmontadores de bombas e de robôs cirurgiões que eliminem tumores com precisão, sem causar danos colaterais.

Estamos longe disso, mas nossos computadores já estão aptos a realizar operações de navegação, de visão, de reconhecimento de padrões, de associação de memórias e de classificação. Com os chips neurossinápticos que você vai conhecer na página 30, avançamos um pouco mais. Inspirados nas sinapses de percepção, ação e cognição dos neurônios, eles prometem aumentar a eficiência das máquinas ao mesmo tempo que encurtam o caminho para uma inteligência artificial adaptativa, maleável, capaz de analisar informações complexas, retroalimentar-se e aprender com a experiência. Estamos mais pertos de uma geração de computadores cognitivos aptos a encontrar correlações, criar hipóteses e lembrar dos resultados, emulando, mecanicamente, a inteligência sináptica do pensamento humano. Será verdade?

 

Ricardo Arnt | Diretor de Redação

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