Zona rural do município de São Raimundo Nonato

Povoado do Desejado, em Morro no Tempo, ambos no Piauí.

Até o dia 17 de maio, o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) realiza a exposição temporária Crise da biodiversidade: a natureza ameaçada com o objetivo de mostrar a fauna e flora brasileira que são pouco conhecidas pela população. Na exposição também consta um calendário de palestras e de exibição de documentários ecológicos, como Uma verdade inconveniente, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; Grandes mutações; Extinção; A corrida das espécies; O porquê do sexo e O big bang da mente.

O tour começa com um vídeo de três minutos sobre o crescimento populacional desde o século 1 até o 21. Ele induz o visitante a refletir sobre o aumento demográfico e os hábitos de consumo que ameaçam os biomas. Também integram a mostra 30 fotografias de André Pessoa, com imagens chocantes de queimadas, secas e desmatamento. Outras fotografias retratam a solidariedade para com a natureza e algumas espécies que compõem a biodiversidade brasileira. Pela primeira vez, o MZUSP abre seu acervo de espécies coletadas em seus arredores nos século 19 e 20. Nesse material constam 500 exemplares de espécies de moluscos, insetos, peixes, aves e mamíferos já extintos ou em via de extinção na época.

Que a arara-azul e o micoleão- dourado estão em extinção, todo mundo sabe. Isso porque essas espécies sempre estão em evidência na mídia, além de outdoors, campanhas de preservação e noticiário. Mas a biodiversidade da Terra é muito mais ampla: abriga uma enorme variedade de insetos, aracnídeos, peixes, anfíbios e de outras espécies, muitas das quais ainda desconhecidas pelo homem. Envolvido na correria do dia a dia da vida moderna, ele nem sequer percebe que uma determinada espécie de borboleta desapareceu.

Para piorar, a invisibilidade das espécies esconde o verdadeiro tamanho da crise global da biodiversidade. Pelo conhecimento fragmentado nessa área, há um distanciamento entre o problema e a realidade da população. Para se ter uma ideia, em mais de 300 anos de estudos, só 1,7 milhão de espécies foram catalogados. Desse total (ao todo estima-se que existam entre 10 e 100 milhões de espécies), só se luta para preservar alguns delas, preferencialmente os mamíferos.

Hussam El Dine Zaher, curador da exposição, alerta: “No século retrasado, podemos dizer que morria uma espécie ao ano. Atualmente, esse número se multiplicou de tal modo que seria como se dez espécies desaparecessem por dia.” Além disso, comparada a outros problemas ambientais, a extinção da biodiversidade é difícil de ser retratada. “É bem mais simples entender de aquecimento global do que de biodiversidade, pois já é possível sentir as mudanças de temperatura nas cidades. Sem contar que os jornais transmitem imagens do derretimento das calotas polares”, argumenta Zaher.

Mas ainda existe muito o que fazer para salvar, ou pelo menos amenizar, a crise da biodiversidade. A começar por incorporar pequenos hábitos em nosso dia a dia. “Aprender a reciclar o lixo, pensar na origem dos alimentos com o objetivo de forçar uma mudança de comportamento, forçar o uso racional dos recursos e da energia. Nas cidades, essas simples mudanças de atitude já surtem um efeito enorme”, conclui Zaher.

Serviço

Quando: até 17 de maio, de terça a domingo, das 10h às 17h.

Onde: Museu de Zoologia da USP – Avenida Nazaré, 481, Ipiranga, São Paulo, SP.

Quanto: R$ 4 (estudantes pagam meia entrada; e menores de 6 anos e maiores de 60 não pagam).

Mais informações: fone (11) 2065-8100 ou www.mz.usp.br