O mosquito, preto e com manchas brancas no corpo e nas patas, tem menos de um centímetro. O estrago que faz, porém, é enorme. Originário da África, o Aedes aegypti vive em zonas urbanas dos trópicos, alimenta-se de sangue humano, reproduz-se em água limpa e parada e pode transmitir dengue, febre amarela, zika e chikungunya. Ele causou a epidemia de febre amarela no Brasil no início do século 20, e o controle da sua população levou o país a erradicar o inseto, em 1955. Mas como não foi eliminado em outros lugares e a vigilância caiu muito aqui, ele voltou no fim dos anos 1960 e se espalhou pelo Brasil. Os números só pioram: os casos de dengue de 1º a 23 de janeiro deste ano no país, por exemplo, subiram 48% em relação ao mesmo período de 2015, ano recordista de notificações (73.872 ante 49.857).

Como os hospitais ainda não são obrigados a informar ao Ministério da Saúde os casos de zika atendidos, não há estatísticas confiáveis sobre essa doença, que pode estar ligada à microcefalia e a uma síndrome que causa paralisia. Só em 13 de fevereiro o governo federal tomou uma atitude mais firme sobre o tema, enviando 220 mil militares para visitar 3 milhões de famílias em 350 cidades, no chamado Dia D de combate ao mosquito. Seis dias depois, uma campanha do Ministério da Educação levou o tema às escolas, em especial às de 115 municípios considerados prioritários pelo Ministério da Saúde. Mas é preciso haver muito mais ações de controle dos focos e consciência da sociedade para que diminuam a população do inseto e os casos de doenças que ele provoca.