A demolição do Elevado da Perimetral abrirá o porto para o mar e novas construções, como o arrojado Museu do Amanhã.

A experiência vitoriosa de Barcelona, na qual a Olimpíada de 1992 alavancou a recuperação de áreas degradadas da cidade, e sua provável repetição em Londres-2012, inspiram uma notável intervenção urbanística no Rio de Janeiro: o Porto Maravilha. Um trecho deteriorado, mas de relevância histórica do centro da capital fluminense – os bairros de São Cristóvão, Cidade Nova, Santo Cristo, Centro, Gamboa, Saúde e Caju –, já começou a mudar.

Apelidado de Novo Centro, o território de 5 milhões de metros quadrados que receberá vilas de jornalistas, de árbitros e um centro de convenções para os Jogos Olímpicos de 2016, deverá ressurgir como polo residencial, de turismo, lazer e negócios, embalado por empreendimentos comerciais e imobiliários que prometem alto padrão em sustentabilidade, conforto e serviços.

Até 2015, serão investidos na região R$ 8 bilhões, dinheiro oriundo de “outorga onerosa” – concessão emitida pelo município para o dono de um imóvel construir acima do limite estabelecido, em troca de uma contrapartida financeira.

“Como era possível uma área de 5 milhões de m2 no centro da cidade sem nada?”, pergunta- se o prefeito Eduardo Paes. “Os novos empreendimentos vão atrair as pessoas para morar no Centro”, garante. Graças a eles, a população local deve ser elevada de 30 mil para 100 mil pessoas em 2021. Muitas irão morar na área da Avenida Francisco Bicalho, com 100 mil m2 destinados a mudanças radicais. Dos imóveis a ser erguidos na região, Vullaorem dit volor sequis erostrud dolum diamcon sequipsum iriusci elestisl ipsum zzriusc iduipis alit ute cortie doloreetum diam volobor sustrud dolortinim ver s 60% deverão ser residenciais, como ocorreu em Barcelona. A área terá um setor comercial (sob demanda já aquecida), praças, hotéis e espaços culturais.

A malha viária passará por vasta reformulação até 2014. Entre as mudanças radicais destaca-se a demolição do longo Elevado da Perimetral, que liga a Avenida Brasil, na entrada da cidade, ao Aterro do Flamengo e à zona sul, passando por cima de todo o porto. O desaparecimento da via, que liberará a vista do bairro para o mar, será compensada pela conversão da Avenida Rodrigues Alves em via expressa.

Duas novas avenidas paralelas à Rodrigues Alves, denominadas Binário do Porto, deverão absorver o tráfego local. A região receberá 4 km de túneis, 17 km de ciclovias e 70 km de ruas e avenidas, e 650 km de calçadas serão reurbanizados. O projeto prevê a recuperação de 700 km de redes de infraestrutura urbana e ações nas áreas de drenagem e iluminação.

No quesito mobilidade, as linhas de metrô serão ligadas à rede de trens pela Estação Multimodal Olímpica, que substituirá a Estação de São Cristóvão. Quando o prometido trem-bala entre Campinas e o Rio estiver pronto, sua estação de embarque e desembarque, a Leopoldina, facilitará a integração dos passageiros ao complexo metroferroviário baseado em São Cristóvão.

Grandes novidades culturais acompanharão essas mudanças. No Píer Mauá, já começou a construção do Museu do Amanhã, projeto do celebrado arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Com 15 mil m2 de área, a obra terá linhas inspiradas em motivos marinhos, como peixes e ondas, com requintes de sustentabilidade, como o emprego de materiais recicláveis na construção, a reutilização da água e o aproveitamento da energia solar. Uma parceria público-privada (PPP) investirá R$ 215 milhões na instalação, que deve ser concluída no primeiro semestre de 2014.

Projeto dos arquitetos Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes, o Museu de Arte do Rio, também na Praça Mauá, deverá ficar pronto em 2012. Ocupando o Palacete D. João VI e o antigo Hospital da Polícia Civil, apresentará um acervo de obras de arte, uma exposição permanente sobre a história do Rio e outras mostras. O custo, de R$ 43 milhões, também será bancado via PPP.

Se vingarem, os projetos renovarão o histórico porto do Rio de Janeiro, uma área há tempos esquecida, desfigurada pelo Elevado da Perimetral nos anos 70. Resta torcer para que elas saiam como prometido e não sacrifiquem os contribuintes.

 

A área degradada da Avenida Francisco Bicalho ganhará prédios residenciais e comerciais modernos