Poderia ser mais uma tragédia em um país de Terceiro Mundo, mas desta vez aconteceu na rica Inglaterra. As pesadíssimas chuvas trazidas pela tempestade Desmond castigaram severamente o noroeste do país no primeiro fim de semana de dezembro, principalmente os condados de Cumbria e Lancashire. O rio Kent, que corta a região e é o mais rápido do país, avançou sobre as suas margens e inundou casas e estabelecimentos comerciais.

Kendall, cidade de 30 mil habitantes à beira do rio, ficou isolada depois de suas cinco pontes serem bloqueadas, por risco de segurança. Estradas tiveram trechos destruídos, hospitais foram obrigados a funcionar com geradores e cancelaram todos os atendimentos programados. Mais de 30 escolas em Cumbria e a Universidade de Lancaster suspenderam as aulas devido a problemas no fornecimento de energia. De acordo com a polícia, cerca de 4 mil a 5 mil residências foram inundadas em Cumbria e problemas no fornecimento de água e de energia prejudicaram dezenas de milhares de pessoas na região.

Já em 2005, Cumbria havia sofrido com inundações, cujos estragos ainda não haviam sido consertados. Em 2009, o cálculo para os reparos estava em mais de US$ 560 milhões. Dessa vez, com chuvas piores (uma estação pluviométrica do governo na região registrou 341 milímetros em um único dia, mais que a média de dezembro e recorde para o Reino Unido) e o fracasso das obras de contenção de inundações construídas após 2005, já existe a certeza de que a recuperação será ainda mais demorada e onerosa.