Além do desmatamento e da poluição causada pela extração de minérios, o frágil bioma amazônico luta agora contra um novo inimigo: o turismo. Ele aparece numa pesquisa conduzida pelo geógrafo Mauro do Nascimento, da Universidade do Estado do Amazonas, como um dos principais motivos para a degradação da natureza na margem esquerda do rio Negro, entre o arquipélago de Anavilhanas e o igarapé Tarumã. “Em 40 quilômetros de extensão, onde há dezenas de praias e as atividades de turismo e recreação são intensas, já é comum ver lixo nas margens do rio e matas ciliares impactadas”, afirma Nascimento.

Acessíveis apenas por barco, as praias não têm infraestrutura ou organização para acolher seus visitantes; além disso, já começam a ser alvo do mercado imobiliário. Nascimento alerta que a Amazônia precisa urgentemente de marcos regulatórios no turismo, a exemplo do que aconteceu em Bonito (MS).

 

 

O preço ambiental das guerras

Segundo um estudo publicado recentemente na revista Conservation Biology, mais de 80% dos principais conflitos armados do mundo entre 1950 e 2000 ocorreram nas regiões mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas da Terra. Assinado por importantes cientistas internacionais, o trabalho compara as principais zonas de conflito com os 34 hotspots de biodiversidade (áreas prioritárias para conservação) identificados pela ONG Conservação Internacional (CI). Eles têm mais de 50% das espécies vegetais e de 42% dos vertebrados do planeta. Segundo o estudo, 23 hotspots abrigaram conflitos armados no período coberto. Entre eles estão o Vietnã, onde o agente laranja destruiu florestas e mangues costeiros, e o Camboja (foto acima), a Libéria e a República Democrática do Congo, países em que a extração de madeira ajudou a financiar combatentes. Em todos os casos, os conflitos tiveram impacto negativo na biodiversidade e na capacidade das pessoas de viver desse patrimônio. Para os autores, a conservação dessas regiões exige o desenvolvimento e a manutenção de projetos específicos, além da integração de princípios e estratégias de conservação em programas militares, humanitários e de reconstrução de zonas de conflito.

 

 

Antártida mais quente

Já se sabia que a parte ocidental da Antártida apresentava temperaturas mais altas nos últimos tempos, mas os críticos da tese do aquecimento global mostravam dados meteorológicos que revelavam um resfriamento do lado oriental do continente. A discussão ganhou um integrante de peso em janeiro: um estudo publicado na revista científica Nature, conduzido por Eric Steig, da Universidade de Washington (Estados Unidos), que comprova que a Antártida toda ficou mais quente nos últimos 50 anos. Segundo Steig, o aquecimento na região ocidental do continente foi de mais de 0,5ºC nesse período. Já no lado oriental a temperatura caiu nas últimas três décadas – mas, quando comparada com previsões feitas na década de 1950, também apresentou um pequeno aquecimento. Na média, a temperatura na Antártida subiu 0,5ºC nos últimos 50 anos.