Voo limpo

O Solar Impulse, o avião movido a energia solar criado pelos suíços Bertrand Piccard e André Borschberg (ver PLANETA 479), começou em maio uma nova jornada para divulgar o uso de energias limpas, nos Estados Unidos. O aparelho deixou San Francisco, na Califórnia, no dia 3 de maio e pousou no dia seguinte em Phoenix (Arizona). A travessia oeste-leste do país implica quatro paradas em Dallas, Saint Louis, Washington e Nova York, onde o avião deverá chegar no fim de junho ou em julho. A viagem é um teste na volta ao mundo que Piccard e Borschberg planejam fazer com o Solar Impulse em 2015.

 

Raiva perigosa

Explosões de raiva aumentam as chances de um ataque cardíaco nas duas horas seguintes, mostra um estudo da Escola de Medicina da Universidade Harvard publicado em maio no American Journal of Cardiology. A pesquisa, feita com dados de 3.886 pacientes, revela que quanto maior a fúria – por exemplo, com arremesso de objetos e ameaças a outras pessoas –, maior o perigo: os mais raivosos multiplicam por mais de quatro vezes as suas chances de cardiopatia, enquanto acessos mais leves quase dobram o risco.

 

Música para hospital

Ex-membro da banda Roxy Music e produtor de álbuns para David Bowie, U2 e Talking Heads, o inglês Brian Eno inaugurou duas instalações de luz e som no novo Montefiore Hospital, em Hove (Inglaterra). A primeira, na área de recepção, trabalha com luzes e “música gerativa”, produzida por um sistema eletrônico continuamente mutável. A outra envolve uma iluminação e uma trilha sonora para um espaço no subsolo em que pacientes, visitantes e funcionários podem “escapar” da rotina do hospital. Eno quis dar aos ambientes uma “atmosfera serena” e aprimorar os “meios amplos e tridimensionais de tratar pacientes”.

 

Crime arqueológico

Para conseguir pedra britada, construtores de uma estrada no norte de Belize (América Central) não pestanejaram: destruíram, no ano passado, a pirâmide do complexo maia de Nohmul, o mais importante da região, com pelo menos 2.300 anos de idade. A estrutura, de 20 metros de altura, estava assentada sobre um monte de dez metros de altura. O feito não é inédito: outro edifício do complexo fora parcialmente destruído nos anos 1940 por motivo parecido. O caso foi descoberto no início de maio, para tristeza de Jaime Awe, chefe do Instituto de Arqueologia de Belize: “Esses sujeitos sabiam que era uma estrutura antiga. É apenas a maldita preguiça.” Embora o complexo esteja em terras privadas, a legislação de Belize protege construções pré-hispânicas.

 

Jardins Suspensos de Nínive

Por muitos anos pensou-se que os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, fossem lenda, mas uma pesquisa de mais de 20 anos conduzida por Stephanie Dalley, da Universidade de Oxford (Reino Unido), mostrou que eles de fato existiram – fora da Babilônia. Sua real localização era Nínive, capital da Assíria, a 480 quilômetros ao norte da Babilônia, e seu construtor foi o rei assírio Senaqueribe, em vez do soberano babilônio Nabucodonosor. A confusão pode ter surgido porque, depois de a Assíria conquistar a a Babilônia, em 689 a.C., Nínive passou a ser chamada de “Nova Babilônia”. O próprio Senaqueribe se referiu à sua obra, erguida ao redor de 700 a.C., como uma “maravilha para todos os povos”.

Adeus

Os tigres indianos deverão ser extintos por causa de cruzamentos consanguíneos e pouca diversidade genética, preveem cientistas britânicos e indianos. A população, que chegou a superar 100 mil exemplares e hoje ronda 1,7 mil, tem apenas 7% da variação de DNA que existia entre 1858 e 1947, quando os ingleses governavam a Índia e a caça aos tigres era praticada por militares e pela nobreza local. O estudo, publicado em maio na revista Proceedings of The Royal Society B, afirma que a redução do habitat original e o confinamento  de pequenos grupos é a principal razão do problema.

Células-tronco por clonagem

Demorou 17 anos, mas funcionou: a técnica responsável pelo nascimento de Dolly, a primeira ovelha clonada do mundo, induziu pesquisadores americanos a criar célulastronco embrionárias humanas. O experimento, realizado por cientistas do Oregon Health & Science University e do Oregon National Primate Research Center, usa óvulos humanos não fertilizados, em vez de embriões humanos, evitando os problemas éticos. Divulgado em maio na revista Cell, o estudo pode revolucionar o tratamento de moléstias como distúrbios cardíacos, esclerose múltipla e doença de Parkinson. Mas também revive o medo de que a clonagem reprodutiva seja usada para produzir réplicas de pessoas vivas ou mortas.

 

Tibete ocupado

Viver no Tibete é ser refém no país invadido pelo governo de Mao Tsé-tung em 1959. Há 50 anos, a população assiste impotente aos desmandos da ocupação chinesa, visível aos turistas interessados.

  • Não é permitido aos tibetanos tirar passaporte antes dos 40 anos de idade. Nos últimos meses nenhum documento foi emitido, segundo denúncia de grupos de direitos humanos à rádio Free Asia. Apenas “algumas autoridades tibetanas” o receberam.
  • Uma suposta história do Tibete, explicitamente exposta no Museu Tibetano em Lhasa, a capital, acusa os monges budistas de “manter uma ditadura políticoreligiosa” e de “impedir o crescimento e a prosperidade da nação e do povo”.
  • Os estádios de futebol – uma paixão nacional dos tibetanos – foram convertidos em centros de treinamento do exército chinês. Na Índia, se apresenta uma seleção nacional tibetana no exílio, o The Forbidden Team (Time Proibido).
  • É proibido publicar ou possuir qualquer imagem do 14º e atual Dalai Lama, exilado na India. Após a morte dele, o governo chinês não permitirá que encontrem seu substituto. Os líderes do budismo tibetano governaram o país desde o século XVII até 1959.

Língua-mãe

Idiomas tão díspares quanto o português, o urdu e o japonês têm a mesma origem, afirmam cientistas britânicos. Dessa língua-mãe ancestral, falada no sul da Europa há pelo menos 15 mil anos, se ramificaram sete troncos, que formaram a “superfamília” euroasiática dos idiomas usados por bilhões de pessoas, de Portugal ao leste da Sibéria. Em artigo publicado em maio na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores, liderados pelo biólogo evolucionista Mark Pagel, da Universidade de Reading, usaram um modelo de computador para predizer palavras que mudaram tão pouco ao longo do tempo que seu som é semelhante nas línguas euroasiáticas. A relação, comparada a uma lista de palavras antigas reconstruídas por linguistas, resultou em 23 vocábulos presentes em pelo menos quatro das línguas euroasiáticas, como o pronome “eu” e os substantivos “homem” e “mãe”. Segundo os cientistas, a língua comum falada há 15 mil anos deu origem às suas sucessoras nos 5.000 anos seguintes.

 

Degelo no Everest

O Everest, pico mais alto da Terra (8.848 metros de altura), mostra evidências de mudança climática. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Milão (Itália) apresentada no Encontro das Américas, em Cancún, no México, as geleiras da região encolheram 13% nos últimos 50 anos. A linha de neve (o limite inferior da área nevada durante todo o ano) subiu 180 metros. Desde 1992, a temperatura local se elevou em 0,6°C. Outras geleiras do Himalaia têm derretido, mas algumas fogem do padrão: as da cordilheira Karakoram, na fronteira China-Índia-Paquistão, se mantêm estáveis e podem até estar crescendo, dizem os pesquisadores.

Insetos à mesa

Como alimentar os 9 bilhões de pessoas que deverão habitar a Terra por volta de 2050? Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado em maio, aponta uma alternativa: insetos comestíveis. De acordo com a instituição, cerca de 2 bilhões de pessoas baseiam parte de sua dieta nesses animais, sobretudo na América Latina, na Ásia e na África. Estudos indicam que formigas vermelhas, pequenos gafanhotos e besouros que vivem perto d’água possuem uma proporção de proteínas similar à da carne magra, mas com menos gordura por grama. Segundo a FAO, há mais de 1.900 tipos de inseto que podem ser ingeridos. Os mais comuns são besouros e lagartas, e os menos apreciados, cupins e moscas.

Robô-abelha

O menor robô voador do mundo fez seu voo inaugural num laboratório da Universidade Harvard (EUA), de acordo com estudo publicado em maio na revista Science. Feito de fibra de carbono, o Robobee (“robô-abelha”) tem o tamanho de uma moeda, pesa 80 microgramas e possui asas de três centímetros de envergadura, que batem 120 vezes por segundo. As asas do robozinho são movidas separadamente por minúsculas peças de um material cerâmico que se expande e se contrai rapidamente quando ligado a uma corrente alternada. O objeto ainda depende de um fio para se movimentar e só voa por 20 segundos, mas seus inventores pretendem aprimorá-lo de olho nas múltiplas funções futuras, como monitoramentos ambientais e de segurança.

Cápsula de sono

O aeroporto de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, acaba de lançar uma alternativa importante para os passageiros que aguardam voos longos com conexão em suas dependências: cadeiras que se convertem em camas, com telas que deixam o ocupante isolado do mundo exterior. Por enquanto há apenas dez desses móveis disponíveis, cujo aluguel custa US$ 12 por hora, mas outras 35 deverão ser instaladas até o fi m do ano. Futuramente, elas terão acesso à internet, armário para bagagem e ponto para recarga de aparelhos elétricos.

União gay

Ao regulamentar o casamento civil entre homossexuais, em maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tornou o Brasil o 15º país do mundo a oficializar esse tipo de relação. Tratase de uma tendência crescente: apenas este ano, Uruguai e França adotaram a medida. No caso francês, a decisão foi marcada por protestos que levaram milhares de pessoas às ruas em Paris. Já o Parlamento da Grã-Bretanha aprovou-a em primeira votação, em fevereiro. Com a medida do CNJ, todos os cartórios brasileiros são obrigados a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a converter união estável em casamento, estado que dá mais segurança jurídica aos cônjuges.