Estradas solares

Em vez de asfalto para pavimentar rodovias, painéis solares vitrificados. A ideia de um casal norteamericano, Julie e Scott Brusaw, pode parecer inviável a princípio, mas, se for concretizada, significa uma revolução no transporte. Além de produzir energia para os veículos elétricos em trânsito e abastecer a rede local, a estrada solar ainda pouparia o petróleo do asfalto. Outra vantagem: equipadas com telas LED integradas, as rodovias poderiam exibir no piso alertas para os motoristas. Julie,  psicoterapeuta, e Scott, engenheiro elétrico, sabiam que a proposta soaria maluca e, por isso, começaram a trabalhar para viabilizá-la, implantando-a em ciclovias, caminhos para pedestres e estacionamentos de supermercado. A ideia avançou e, recentemente, o Estado de Idaho ofereceu-lhes US$ 750 mil para tocar um projeto piloto. O casal já venceu o problema do piso desenvolvendo um vidro resistente e tão texturizado quanto o asfalto. O obstáculo do preço – os painéis são três vezes mais caros que o asfalto – persiste, mas a dupla acredita que, com o tempo, a ideia também será lucrativa.

Caça aos asteroides

A Nasa, agência espacial norte-americana, lançou em junho uma iniciativa para encontrar todos os asteroides cuja aproximação representa risco para a Terra. O “Grande Desafio”, como a agência denomina a ação, abrange a compilação de novas ideias, projetos científicos e programas tecnológicos de todo o mundo a respeito do que fazer para encarar a ameaça. Por enquanto, afirma Lori Garver, administradora-adjunta do órgão, 95% dos grandes asteroides cuja rota passa perto da Terra já foram descobertos. A Nasa também pretende conhecer projetos da indústria aeroespacial ou de outros empreendedores sobre como capturar e levar um asteroide para a órbita lunar.

Tanta coisa errada não cabe em um cartaz

A elevação de 6,6% no preço do transporte coletivo em São Paulo (de R$ 3,00 para R$ 3,20), desencadeou uma onda de protestos que se alastrou por dez capitais do Brasil e já levou pelo menos 250 mil pessoas às ruas. Convocadas pelo Movimento Passe Livre, as manifestações começaram pleiteando a suspensão do reajuste, mas logo acrescentaram outros itens à pauta, como a qualidade do transporte, a corrupção, os gastos com estádios de futebol, a carga tributária e a falta de investimento em educação e saúde. Embora a maioria dos participantes insistisse no caráter pacífico dos protestos, pequenos grupos aproveitaram para cometer vandalismo contra bens públicos e privados, atacando estações do metrô, ônibus e prédios.
São Paulo, Rio, Porto Alegre, Cuiabá, João Pessoa e Recife anunciaram redução no preço das tarifas de ônibus. Curitiba e Manaus haviam reduzido os preços antes, mas isso não as livrou de manifestações. Em São Paulo, cidade habituada a engarrafamentos diários e lentidão no trânsito superior a 100 quilômetros – e a generosos subsídios federais para a compra de automóveis –, a paciência parece ter se esgotado. A falta de investimento em mobilidade urbana está piorando o cenário: a média de velocidade nos corredores de ônibus (vias exclusivas para os coletivos) caiu de 15 km/h em 2011 para 13,4 km/h em 2012. Tudo tem limite.

Salvação pelo turismo

O turismo é a saída de muitos europeus afetados pela crise econômica. Na Grécia, as famílias estão alugando ou vendendo as segundas casas: um estúdio com dois dormitórios na ilha de Leros pode ser alugado por US$ 7.800,00 nos três meses do verão. Na Itália, pescadores da ilha de Ponza oferecem os barcos para passear pelas praias. Outra solução bem-sucedida está em Valência, na Espanha, a “Ruta Del Despilfarro” (Rota da Gastança), um passeio por locais onde o dinheiro público foi esbanjado, como a Cidade de Artes e Ciências, feita pelo arquiteto Santiago Calatrava ao preço de US$ 1,5 bilhão, o estádio de futebol construído só pela metade ao custo de US$ 388 milhões e a reforma da marina para a America Cup’s que gastou US$ 83 milhões. Os guias para o trajeto são professores desempregados.

Cidades sob floresta

Com o auxílio de uma nova tecnologia que usa imagens por satélite, cientistas americanos descobriram duas cidades pré-colombianas contíguas debaixo da floresta tropical no leste de Honduras, na região de La Mosquitia. Já classificadas como “a maior descoberta arqueológica do século”, Ciudad Blanca 1 e Ciudad Blanca 2, se somadas, teriam o triplo do tamanho do complexo de Copán, onde está o maior templo erguido pelos maias em Honduras. Segundo Virgilio Paredes, diretor do Instituto Hondurenho de Antropologia e História, governo e pesquisadores americanos estão montando uma equipe para chegar às ruínas em novembro. O mesmo método de imagens por satélite, que fotografa sob as árvores, foi usado na descoberta de novas construções na antiga cidade cambojana de Mahendraparvata, anunciada em junho.

 

Canal da Nicarágua

A Nicarágua concedeu à empresa chinesa HK Nicaragua Canal Development Investment Company uma concessão de 100 anos para construir e operar uma alternativa ao Canal do Panamá em seu território. O projeto, de US$ 40 bilhões, abriria uma rota de 288 quilômetros (três vezes maior que o Canal do Panamá) através da floresta tropical. Com capacidade mais de duas vezes maior que a do concorrente (atualmente alargado ao custo de US$ 5,2 bilhões), a nova rota permitiria a passagem de supercargueiros e fincaria a presença da China no continente americano. No acordo, os chineses se comprometem a construir e operar o canal “com os princípios de respeito à soberania, proteção ao meio ambiente, bem-estar das pessoas e da economia”.

Para ver onças

O sucesso do projeto Onçafari, realizado no Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal sul-matogrossense, levou seus dirigentes a ampliar o período de observação das onças. No ano passado, ele foi realizado em agosto; agora, irá de 16 de julho a 8 de setembro, época em que se espera um número de hóspedes 80% maior. O projeto habitua felinos à presença de veículos que circulam em safáris no local, O Refúgio Ecológico Caiman é base de outro bem-sucedido projeto de preservação da natureza, o Arara Azul. Antes ameaçada, a ave está distante da extinção. Só no Caiman, sua população já subiu de 100 para 500 exemplares.

Língua-mãe

Idiomas tão díspares quanto o português, o urdu e o japonês têm a mesma origem, afi rmam cientistas britânicos. Dessa língua-mãe ancestral, falada no sul da Europa há pelo menos 15 mil anos, se ramifi caram sete troncos, que formaram a “superfamília” euroasiática dos idiomas usados por bilhões de pessoas, de Portugal ao leste da Sibéria. Em artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores, liderados pelo biólogo evolucionista Mark Pagel, da Universidade de Reading, usaram um modelo de computador para predizer palavras que mudaram tão pouco ao longo do tempo que seu som é semelhante nas línguas euroasiáticas. A relação, comparada a uma lista de palavras antigas reconstruídas por linguistas, resultou em 23 vocábulos presentes em pelo menos quatro das línguas euroasiáticas, como o pronome “eu” e os substantivos “homem” e “mãe”. Segundo os cientistas, a língua comum falada há 15 mil anos deu origem às suas sucessoras nos 5.000 anos seguintes.

Degelo no Everest

O Everest, pico mais alto da Terra (8.848 metros de altura), mostra evidências de mudança climática. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Milão (Itália) apresentada no Encontro das Américas, em Cancún, no México, as geleiras da região encolheram 13% nos últimos 50 anos. A linha de neve (o limite inferior da área nevada durante todo o ano) subiu 180 metros. Desde 1992, a temperatura local se elevou em 0,6°C. Outras geleiras do Himalaia têm derretido, mas algumas fogem do padrão: as da cordilheira Karakoram, na fronteira China-Índia-Paquistão, se mantêm estáveis e podem até estar crescendo, dizem os pesquisadores.

Insetos à mesa

Como alimentar os nove bilhões de pessoas que deverão habitar a Terra por volta de 2050? Um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta uma alternativa: insetos comestíveis. De acordo com a instituição, cerca de dois bilhões de pessoas baseiam parte de sua dieta nesses animais, sobretudo na América Latina, na Ásia e na África. Estudos indicam que formigas vermelhas, pequenos gafanhotos e besouros que vivem perto d’água possuem uma proporção de proteínas similar à da carne magra, mas com menos gordura por grama. Segundo a FAO, há mais de 1.900 tipos de inseto que podem ser ingeridos. Os mais comuns são besouros e lagartas, e os menos apreciados, cupins e moscas. Tudo é uma questão de cultura.