Cercada por uma vegetação exuberante e borboletas raras, a Cachoeira de San Rafael, no Rio Conca, era uma das paisagens mais cativantes do Equador. O rio corta um extenso pedaço de floresta nublada no cruzamento da Cordilheira dos Andes com a Bacia Amazônica. Na San Rafael, a água despencava de uma altura de 150 metros (pouco menos que o dobro das Cataratas do Iguaçu), atraindo dezenas de milhares de visitantes por ano.

Há mais de um mês, porém, a queda d’água desapareceu, como mostra o site Earth Observatory, da Nasa. Parou de fluir em 2 de fevereiro de 2020. As imagens abaixo mostram as cataratas e a bacia do rio circundante, enquanto a água ainda corria em 4 de agosto de 2014 (à esquerda) e depois parou em 15 de março de 2020 (à direita). Essas imagens foram adquiridas pelo Operational Land Imager (OLI) no satélite Landsat 8. A imagem no alto mostra uma fotografia das quedas em 28 de novembro de 2012.

Fotos do satélite Landsat de 4 de agosto de 2014 (esquerda) e 15 de março de 2020 (direita) mostram que a queda d’água já não aparece mais. Crédito: Nasa/Lauren Dauphin/Landsat/USGS

Segundo relatos da mídia, um imenso buraco apareceu no Rio Coca alguns metros antes das quedas e desviou o curso d’água. Agora, a água cai em três seções separadas e em uma inclinação menos íngreme, que não pode ser vista nas estações localizadas ao redor da cachoeira original. Os pesquisadores acreditam que os três ramos do Conca podem causar erosão na origem do canal e criar um rio a montante, o que pode alterar a topografia do vale.

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A causa do sumidouro está sob investigação. Alguns geólogos pensam que a deformação ocorreu naturalmente, enquanto outros pesquisadores suspeitam que possa estar ligada à construção da maior usina de eletricidade do país, a Hidrelétrica Coca-Codo Sinclair. Não importa a causa, o Ministério do Turismo do Equador não planeja reconstruir o leito do rio ou restaurar San Rafael. A cachoeira agora faz parte da história.