No fim de seu segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, restabeleceu relações diplomáticas com Cuba, após 50 anos de afastamento, e fechou, com outros cinco países, um acordo que barra as pretensões nucleares do Irã. No início de agosto, Obama comprou outra briga gigante: anunciou uma nova versão do Clean Power Plan (Plano de Energia Limpa), que define o corte das emissões de carbono do país, originárias sobretudo da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia.

“Somos a primeira geração a sentir o impacto das alterações climáticas e a última geração que pode fazer algo sobre isso”, disse o presidente. Ele ressaltou que a proposta beneficiará a saúde dos americanos e ajudará a criar empregos. Segundo o plano, elaborado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), o governo federal exigirá que os estados cumpram normas de redução das emissões de carbono específicas, baseadas no consumo de energia de cada um. A meta é diminuir em 32% as emissões das usinas até 2030, na comparação com 2005 – um pequeno aumento em relação aos 30% da versão original, de 2014.

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O governo porá à disposição dos estados um programa de incentivos que lhes deem vantagem competitiva em relação ao cumprimento das novas normas. Obama enfrentará uma feroz oposição. Ainda antes da divulgação do plano, o senador republicano Mitch McConnell, líder da maioria na casa, já havia anunciado que faria tudo ao seu alcance para barrá-lo. Estados cuja economia está fortemente ligada aos combustíveis fósseis também pretendem combater as medidas. As alegações se concentram sobretudo no impacto econômico que as mudanças causariam. Obama rebateu os ataques.

“Vão dizer que vai custar dinheiro, que vai acabar com empregos. Mas só a indústria de energia solar criou empregos dez vezes mais rapidamente do que qualquer outro setor”, afirmou. Ambientalistas sublinharam a importância política do plano. “Ele mostra a determinação do país­ mais rico do mundo em manter um melhor crescimento econômico enquanto corta a poluição por gases do efeito estufa”, afirmou o britânico Nicholas Stern, autor de um influente relatório sobre a economia e o aquecimento global.