O relatório BRICS: Construir a Educação para o Futuro, lançado no fim de 2014, é a primeira análise aprofundada que visa a identifi car os sucessos e os desafi os enfrentados pela educação no bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, responsáveis pela educação de mais de 40% da população mundial.

Uma das principais conclusões do relatório é que os países do bloco têm feito uso efetivo de políticas inovadoras para melhorar a qualidade da educação e expandir a formação técnica, profi ssional e superior. O Brasil é reconhecido pelo desenvolvimento de um dos mais abrangentes sistemas de avaliação do mundo, no qual uma combinação de informações, tais como matrículas escolares e taxas de conclusão, é usada para estabelecer objetivos destinados a promover melhorias e orientar reformas. 

Na Índia, uma nova lei exige o gasto de 2% dos lucros das empresas em ações de responsabilidade social corporativa, uma medida de interesse para todos os governos que buscam formas de custear níveis mais altos de educação e de desenvolvimento de habilidades.

Na China, o número de estudantes do ensino superior cresceu mais de cinco vezes entre 1999 e 2012. Na Rússia, houve esforços para aumentar o intercâmbio e a cooperação entre alunos e universidades, como a Rede de Universidades dos BRICS. 

Na África do Sul, a superação das desigualdades vindas do regime do apartheid se tornou um tema central da reforma educacional, o que fornece valiosas experiências para todos os países comprometidos em enfrentar a desigualdade de forma geral.

A Índia e a China têm os maiores sistemas educacionais do mundo, com o potencial de se tornarem líderes em educação de qualidade. Milhões de alunos se benefi ciarão de melhores sistemas educacionais, que lhes forneçam habilidades e conhecimentos para transformar as sociedades e as economias.

O relatório traz 12 recomendações que delineiam áreas-chave de cooperação para melhorar os sistemas de ensino, a educação superior e o desenvolvimento de habilidades.

“Os BRICS já transformaram o mapa mundial de educação, ao levar milhões para a escola, estabelecer bons centros de aprendizado, promover inovações e compartilhar experiências e conhecimentos. Com uma cooperação mais efetiva na educação, apoiada pela Unesco, os países têm potencial para ir além e mairápido no aperfeiçoamento do ensino e na obtenção da sustentabilidade de longo prazo”, diz Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.

Desafios à frente

Apesar de progressos claros, os países do bloco ainda têm desafios a enfrentrar. Em alguns deles, reformas econômicas, descentralização e privatização da educação resultaram em desigualdades mais profundas. As crianças mais desfavorecidas são as que mais sofrem com a educação escolar de baixa qualidade. Apesar da grande expansão ocorrida recentemente, apenas um em cada cinco jovens na Índia e um em quatro na China frequentam a educação superior. 

Nos BRICS, a pobreza e a desigualdade de gênero continuam a se refl etir no ciclo de aprendizagem e podem restringir as capacidades de aprendizado das crianças. Comunidades que lutam para alimentar suas famílias enfrentam expectativas de danos ao longo da vida. A desnutrição diminui a capacidade de aprendizado das crianças.

Na 6ª Cúpula do BRICS, realizada no Brasil em julho de 2014, os presidentes dos países do bloco afi rmaram que a educação é a chave para o sucesso de longo prazo e reconheceram que investir mais é essencial, a fim de enfrentar as desigualdades e fomentar continuamente o crescimento econômico.

“Para avançar em direção a uma economia do conhecimento, será preciso fortalecer a cooperação no campo da educação, assim como desenvolver um sistema de articulações horizontais entre os BRICS”, disse na cúpula a presidente do Brasil, Dilma Rousseff . 

Os países do bloco estão envolvidos em parcerias mundiais para a educação. Eles tiveram um papel decisivo no movimento de Educação para Todos (EPT), coordenado pela Unesco. Brasil, China e Índia pertencem ao Grupo E9 de países com as maiores populações, que, desde 1993, tem facilitado a cooperação para se atingir as metas do projeto. 

Desde 2013, a Unesco tem trabalhado com os BRICS para apoiar esforços dedicados a fortalecer a cooperação na educação, a fim de aumentar as oportunidades de aprendizagem de milhares de jovens nessas economias emergentes.