Rochas aquecidas nas profundezas da Terra representam um imenso potencial de energia renovável. No fim da década passada, o governo da Austrália anunciou um investimento de mais de US$ 42,5 milhões para desenvolver formas de converter essa energia, chamada geotérmica, em eletricidade. Na mesma época, a Renewable Energy Cheaper than Coal (“Energia Renovável Mais Barata que o Carvão”), braço filantrópico do Google.org – a gigante multinacional de busca na internet -, injetou US$ 10 milhões em maneiras mais eficientes de explorar esse recurso.

A energia geotérmica se origina abaixo da crosta terrestre, na região denominada manto. Ele é composto por rochas líquidas submetidas a temperaturas elevadas – o magma. Os depósitos ou correntes de água que se encontram nessa área são aquecidos pelo magma até temperaturas acima de 140 graus Celsius e, quando encontram fendas na crosta, emergem no formato de gêiseres, fumarolas ou fontes termais. Calcula-se que a energia geotérmica equivale a 50 mil vezes a energia obtida a partir de todos os recursos de gás e petróleo da Terra.

O Google.org tem interesse no desenvolvimento de sistemas geotérmicos estimulados (EGS, na sigla em inglês). Numa ampliação da tecnologia tradicional – que aproveita bolsões de vapor ou água quente produzidos de forma natural -, os EGS permitem que ela seja usada em quase todos os lugares do planeta. Esses sistemas envolvem perfurações profundas no subsolo, nas quais a água é injetada. Com isso, as rochas quentes se fragmentam, favorecendo a circulação e o aquecimento da água. O líquido volta então para a superfície, em velocidade suficiente para mover turbinas e produzir eletricidade.

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Já havia esforços em andamento em países como Islândia, França e Alemanha. Pesquisadores dos dois últimos países, aliás, já produziam em 2008 1,5 megawatt de energia geotérmica numa central experimental em Soultz-sous-Forêt, a 50 quilômetros de Estrasburgo.

Na época, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o geólogo Albert Gender, coordenador científico do projeto, previu que essa energia poderá ser obtida a preços comercialmente viáveis em 20 anos. Mas, além do custo, um efeito colateral dessa tecnologia ainda precisa ser controlado: o risco de terremotos, até em regiões geologicamente estáveis.