Alexis St. Martin era um comerciante de peles canadense de 18 anos que estava em um posto comercial na Ilha Mackinac quando levou um tiro à queima-roupa no estômago em 1822. Ele estava tão perto que sua camisa pegou fogo, mas, surpreendentemente, o ferimento não causou sua morte.

Felizmente, ou infelizmente por conta do que iria acontecer com ele, havia um hospital do exército nas proximidades, onde o Dr. William Beaumont trabalhava. O médico conseguiu salvar a vida dele. No entanto, ele ficou com um buraco em seu abdômen.

O tiro, além de estourar parte de suas costelas e músculos do “tamanho da mão de um homem”, foi de lado para o estômago, deixando um buraco aberto. Ele estava sangrando muito e, naquela época, a solução para o sangramento era muitas vezes “fazer sangrar mais”.

Ele tomou remédios, mas não adiantou, já que o remédio “escapava do estômago pela ferida”, o que também acontecia com a comida. Essencialmente, se você colocasse comida em sua boca, ela cairia de seu estômago alguns momentos depois.

Nas semanas seguintes, ele sarou e a comida começou a ficar dentro, mas a ferida não fechou bem. As bordas de seu estômago se fundiram à ferida, abrindo uma pequena janela diretamente em seu estômago. Diante dessa situação, que pode apenas te fazer sentir pena, os olhos do médico brilharam. A digestão nessa época era muito mal compreendida, assim como muitos outros aspectos da medicina.

Esse buraco deu a oportunidade de Beaumont observar a digestão acontecer no estômago de St. Martin enquanto ele comia. Além disso, ele colocava os alimentos em uma rede e os mergulhava no paciente como um saquinho de chá. Ele até deu uma lambida no estômago de St. Martin, descobrindo que o gosto ácido não estava lá até ele começar a digerir a comida.

Embora eticamente um pouco duvidoso, Beaumont descobriu que era o suco gástrico no estômago que digeria a comida. Ele ficou conhecido como o “Pai da Fisiologia Gástrica”, embora nunca tenha fechado a ferida de St. Martin como prometido.