O sistema de saúde sobrecarregado pela pandemia terá que cuidar dos graves problemas respiratórios na temporada de queimadas que já começou. As queimadas geram muito material particulado. A fração menor e mais leve dele, o PM2.5, permanece na atmosfera tempo o suficiente para cair a milhares de quilômetros da origem. Em 2019, o dia que virou noite em São Paulo foi um exemplo desse impacto.

Um trabalho da Global Climate and Health Alliance fez estudos de caso no Brasil, na Austrália e no Canadá para analisar o impacto das queimadas e incêndios florestais na saúde das populações. Aqui, eles se referem a estudos na Amazônia que associam o material particulado das queimadas à redução do peso de recém-nascidos, aumento da prevalência de doenças respiratórias principalmente em crianças e idosos e o aumento de atendimentos ambulatoriais e em prontos socorros. Eventos todos concomitantes com as queimadas. Ainda existem poucos trabalhos indicando os efeitos ao longo da vida.

O capítulo brasileiro do trabalho dá um especial destaque aos impactos sobre as comunidades indígenas da região. O Estadão comentou o trabalho.

Não só de queimadas morrem os pulmões. Um trabalho publicado na Nature estima que 1 milhão de pessoas em todo o mundo morreram prematuramente em 2017 por problemas respiratórios causados pela queima de combustíveis fósseis. Os pesquisadores atribuíram metade destas mortes à queima de carvão. O trabalho é resultado da combinação de dados de fontes de emissão dos PM2.5, de modelos meteorológicos e dados de saúde do mundo todo, uniformizando métodos e variáveis para manter a comparabilidade entre fontes e entre territórios. A Science Daily publicou um comentário sobre o trabalho.