Pesquisadores da Turquia, de Israel e da Áustria desenterraram os restos mortais de um jovem morto há cerca de 3.600 anos por um tsunami causado pela erupção do vulcão Thera, localizado onde é atualmente Santorini, ilha grega do arquipélago das Cíclades, situada no Mar Egeu (leste do Mar Mediterrâneo). Em seu artigo publicado na revista PNAS, os cientistas descrevem como os restos mortais foram encontrados e como foram identificados como pertencentes a uma vítima do tsunami provocado pela erupção de Thera.

Pesquisas anteriores mostraram que a erupção ocorreu em algum momento entre os anos 1500 a.C. e 1600 a.C. Ela teria sido tão poderosa que teria causado o declínio da civilização minoica na ilha de Creta.

Há evidências abundantes das cinzas que caíram do céu em áreas ao redor do local da erupção, mas existem poucas provas do tsunami. Isso ocorre porque os tsunamis tendem a puxar destroços e corpos de volta para o mar, em vez de deixar evidências na costa. Por causa disso, os restos mortais das vítimas do tsunami de Thera nunca haviam sido encontrados.

Múltiplos tsunamis

Isso parece ter mudado com os despojos do jovem encontrados no sítio arqueológico de Çeşme-Bağlararası, na costa da Baía de Çeşme (oeste da Turquia). O local da escavação tem rendido artefatos do final da Idade do Bronze por vários anos. As evidências de um tsunami, por sua vez, surgiram mais recentemente: camadas de cinzas e detritos que um muro de contenção impediu de retornarem ao mar. Os restos mortais do jovem foram encontrados empurrados contra esse muro de contenção, posicionado de uma forma parecida com aqueles que trabalham nos esforços de busca em eventos de tsunami na atualidade. Além do jovem, os pesquisadores encontraram os restos mortais de um cachorro.

A evidência mostrou ainda que aquela área da costa turca havia sido atingida por vários tsunamis relacionados à erupção do Thera. A datação por radiocarbono dos materiais que cercam os restos mortais mostrou que eles não eram anteriores a 1612 a.C.

Os pesquisadores encontraram ainda paredes danificadas, entulho, sedimentos e cinzas, tudo representando evidências de múltiplos tsunamis. Também havia evidências do que eles descrevem como “fossos deformados”, provavelmente criados por pessoas que procuravam as vítimas logo após o tsunami.