Uma operação de defesa do patrimônio arqueológico no deserto da Judeia contra a ação de ladrões de antiguidades, iniciada em 2017, levou a uma das descobertas mais espetaculares dos últimos tempos. Arqueólogos israelenses desenterraram duas dúzias de fragmentos de pergaminhos do Mar Morto em uma gruta denominada “Caverna do Horror”, noticiaram a BBC News, o jornal “The Guardian” e vários outros órgãos internacionais. Essa é a primeira descoberta de tais textos religiosos judaicos em mais de meio século.

“Pela primeira vez em aproximadamente 60 anos, as escavações arqueológicas revelaram fragmentos de um pergaminho bíblico”, disse a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) em um comunicado.

A Caverna do Horror é referência arqueológica desde 1961. Naquele ano, fragmentos semelhantes aos encontrados agora e cerca de 40 esqueletos foram descobertos no local. Localizada a cerca de 80 metros abaixo do topo de um penhasco, a caverna é praticamente inacessível. Ela só poderia ser alcançada por equipes que descessem de rapel.

Moedas do período da revolta judaica contra Roma no século 2 d.C. também estão entre os achados. Crédito: Israel Antiquities Authority
Textos em grego

Os pedaços de pergaminho encontrados foram escritos em grego. Esse idioma foi adotado na região após a conquista da Judeia por Alexandre Magno no século 4 a.C. Apenas o nome de Deus aparece em hebraico. Nos fragmentos constam versículos dos livros de Zacarias e Naum, que fazem parte dos escritos conhecidos como Livros dos Doze Profetas Menores. São os 12 últimos livros proféticos do Antigo Testamento da Bíblia.

Um fragmento encontrado diz: “Estas são as coisas que vocês devem fazer: falar a verdade uns aos outros, fazer justiça verdadeira e perfeita em seus portões”.

Segundo os arqueólogos, o pergaminho pertenceria a rebeldes judeus. Eles teriam se instalado no local entre 130 e 136 d.C., após a fracassada revolta de Bar Kochba contra os dominadores romanos.

A cesta encontrada: provavelmente a peça do gênero intacta mais antiga já descoberta. Crédito: Israel Antiquities Authority

Na caverna também foram descobertos moedas raras do período da revolta judaica, um esqueleto mumificado de uma criança de 6 mil anos e uma grande cesta intacta datada de cerca de 10.500 anos atrás. “Pelo que sabemos, esta é a cesta mais antiga do mundo a ser encontrada completamente intacta e sua importância é, portanto, imensa”, disse o IAA.

Segundo o diretor da IAA, Israel Hasson, todas essas relíquias são “de valor incomensurável para a humanidade”.