O deserto peruano de Ocucaje, na região de Ica (ao sul de Lima), é um rico sítio paleontológico, e na quinta-feira (17) o mundo conheceu o mais recente dos tesouros descobertos ali: restos fossilizados de um basilossauro, “baleia primitiva” que viveu nos mares há cerca de 36 milhões de anos. O anúncio foi feito pela equipe chefiada pelo paleontólogo Mario Urbina, da Universidade Nacional Maior de São Marcos, que vive na região há mais de três décadas.

“Apresentamos o novo basilossauro peruano, é o crânio completo de uma baleia arcaica que viveu há 36 milhões de anos”, declarou Urbina à agência de notícias AFP. Segundo ele, os fósseis foram encontrados no fim de 2021. O dono do crânio, apelidado de “Predador de Ocucaje”, tinha 17 metros de comprimento e dentes poderosos, que o ajudavam a alimentar-se de atuns, tubarões e sardinhas.

Outro membro da equipe, o paleontólogo Rodolfo Salas-Gismondi, disse à AFP que o novo basilossauro se destaca das outras espécies já conhecidas pelo tamanho e pelo grande desenvolvimento dos dentes, características que o colocariam no topo da cadeia alimentar e na posição de um dos maiores predadores de seu tempo.

Mar mais quente

Naquela época, o mar que banhava a costa peruana não era frio como hoje, e isso explica a vasta quantidade de fósseis marinhos encontrados em Ocucaje. Na região, ao longo de duas décadas, já foram encontrados, por exemplo, fósseis de animais marinhos como baleias anãs de quatro patas, golfinhos, tubarões e outras espécies do período Mioceno, entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás.

“Graças aos fósseis de Ocucaje podemos redescobrir a história do mar peruano”, afirmou Salas-Gismondi à AFP. “Temos um registro de 42 milhões de anos de evolução e de espécies marinhas.”