Em meio ao rápido avanço da variante ômicron, incidência de infecções em sete dias também é recorde. Aumento de casos vem causando falta de trabalhadores em setores como logística, saúde e creches.O número de novas infecções pelo coronavírus na Alemanha ultrapassou a marca de 200 mil em um dia pela primeira vez nesta quinta-feira (27/01), pouco mais de uma semana depois de registrar o número inédito de mais de 100 mil casos.

Foram computados 203.136 casos de covid-19 em 24 horas, quase 70 mil a mais do que o registrado há uma semana, segundo dados do Instituto Robert Koch, a agência de prevenção e controle de doenças da Alemanha.

A incidência de novos casos em sete dias, um dos parâmetros para o controle da pandemia no país, subiu para o recorde de 1.017 a cada 100 mil habitantes – ficando acima de 1.000 pela primeira vez. Há uma semana, a taxa estava em 638,8. Atualmente, Berlim é o estado com a incidência mais alta (1.863,2), seguido de Hamburgo (1.616,2).

Mais 188 mortes em decorrência da covid-19 foram registradas, elevando o total de óbitos no país desde o início da pandemia para 117.314. Mais de 9,2 milhões de infecções já foram confirmadas.

Assim como no Brasil e em outros países, o número de infecções vem explodindo na Alemanha desde a virada do ano, levando à falta de trabalhadores em setores como logística, saúde e creches.

A Lufthansa afirmou que a escassez de pessoal em Frankfurt vem afetando suas atividades no setor de transporte de cargas.

A Federação Alemã de Hospitais alertou no início desta semana que três quartos dos hospitais estão reportando números maiores que o usual de funcionários em licença médica.

Especialistas atribuem o rápido aumento das infecções à chegada da variante ômicron, que embora aparentemente provoque casos em geral mais leves que a variante delta, é bem mais contagiosa.

Resistência à vacina

Até o momento, 73,7% da população alemã tem o esquema vacinal contra a covid-19 completo – proporção menor que a verificada em outros países da Europa ocidental, como França (80%), Itália (83%) e Espanha (86%). Mais da metade dos alemães já recebeu uma dose de reforço, mas milhares se recusam a se vacinar.

Nesta quarta-feira, legisladores alemães debateram a possibilidade de impor a vacinação obrigatória contra a covid-19, enquanto manifestantes contrários se reuniam diante do Parlamento.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, se manifestou a favor da obrigatoriedade para maiores de 18 anos, mas seu governo de coalizão está dividido sobre a questão e ele disse aos parlamentares que votem de acordo com a sua consciência.

Vários deputados – incluindo alguns do Partido Liberal Democrático (FDP), que integra a coalizão de governo – se opõem à vacinação obrigatória, sob o argumento de que ela viola o artigo segundo da Constituição alemã, que garante aos cidadãos o controle sobre seus próprios corpos.

Pesquisas de opinião mostram que a maioria das pessoas no país apoia a vacinação obrigatória. No entanto, uma minoria barulhenta continua se manifestando contra.

Uma pesquisa do instituto Allensbach publicada nesta quarta-feira pelo jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung apontou que a parcela daqueles que podem se imaginar participando de protestos contra medidas anticoronavírus dobrou para 12% no período de um ano.

lf (Reuters, ARD)