Enquanto o mundo permanece de olhos voltados para a pandemia de covid-19, o desmatamento na Amazônia segue acelerado e põe em risco a maior floresta tropical do mundo, protagonista nos esforços contra o aquecimento global. Depois do registro de um aumento de 30% na área com alertas de desmatamento em 2019, os dados mais recentes indicam que a área com alertas de desmatamento na Amazônia quase dobrou de agosto de 2019 a março de 2020. Comparado ao mesmo período do ano passado, o território com alertas de degradação já é 122% maior.

O levantamento foi feito pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, a partir de dados coletados no Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter). O Deter é um instrumento elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) destinado a orientar ações de fiscalização contra o desmatamento. Na pesquisa, foram verificados os cortes feitos entre agosto (mês de início da medição oficial) e 26 de março, a data mais recente disponível.

Nos últimos oito meses, foram desmatados 5.076 quilômetros quadrados da Amazônia, área um pouco menor que a do Distrito Federal. É praticamente o dobro do constatado entre agosto de 2018 e março de 2019 (2.649 km² de floresta devastados). Um ano antes, de agosto de 2017 a março de 2018, o número foi de “apenas” 2.433 km².

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Pará, destaque negativo

Apenas em março, a área com alertas de desmatamento na Amazônia Legal chegou a 327 km².

O Pará é o principal destaque negativo, com 44% do desmatamento registrado. De acordo com os registros do Deter, entre 1º de fevereiro e 26 de março deste ano, 65 km² de floresta foram postos abaixo. Um ano antes, nos meses inteiros de fevereiro e março, o estado havia registrado 62 km² de desmatamento.

Em Rondônia, o corte ilegal também já supera o de fevereiro e março de 2019. A área devastada já atingiu este ano 43 km².