Nova pesquisa revelou que os ancestrais dos britânicos que construíram o monumento de Stonehenge eram agricultores vindos de uma área próxima à Turquia moderna, chegando por volta de 4000 aC. Stonehenge foi construído por volta de 3000 aC.

Segundo o estudo, esse povo rapidamente substituiu as populações locais de caçadores-coletores. A equipe examinou o DNA de 47 esqueletos de agricultores neolíticos que datam de 6.000 a 4.500 anos atrás e seis esqueletos de caçadores-coletores mesolíticos do período anterior, cerca de 11.600 – 6.000 anos atrás.

As evidências encontradas mostram que a agricultura foi introduzida na Grã-Bretanha por esses migrantes vindos da Anatólia, nome dado a toda península onde hoje está a Turquia. Eles trouxeram técnicas agrícolas, cerâmicas e novas culturas e crenças religiosas.

A partir da análise de DNA, os pesquisadores descobriram que a maior parte da população de caçadores-coletores da Grã-Bretanha foi substituída por esse novo povo.

“Assim que essas culturas neolíticas começam a chegar, vemos uma grande mudança na ancestralidade da população britânica. Parece que o desenvolvimento da agricultura e essas culturas neolíticas foram impulsionadas principalmente pela migração de pessoas da Europa continental”, disse Tom Booth, pesquisador de pós-doutorado do Museu de História Natural, ao jornal “Independent“.

A transição para a agricultura marca uma das inovações tecnológicas mais importantes na evolução humana. Ela apareceu pela primeira vez na Grã-Bretanha em torno de 6000 anos atrás. Antes disso, as pessoas sobreviviam da caça, pesca e coleta. Por mais de 100 anos os arqueólogos debateram se a agricultura foi trazido para a Grã-Bretanha por agricultores continentais imigrantes, ou se foi adotada por caçadores-coletores locais.

O professor Ian Barnes, especialista em DNA do Museu de História Natural de Londres e co-autor do estudo, disse que eles esperavam ver uma mistura entre o povo mais antigo, os caçadores-coletores locais, e a nova população de agricultores, como aconteceu em outras regiões. Mas não foi esse o caso.

Segundo os autores, ao contrário de outras populações neolíticas europeias, não foi detectado o ressurgimento de ancestrais caçadores-coletores em nenhum momento durante o Neolítico na Grã-Bretanha. “Nosso estudo apoia fortemente a visão de que os agricultores imigrantes introduziram a agricultura na Grã-Bretanha e substituíram em grande parte as populações indígenas de caçadores-coletores”, disse Mark Thomas da Universidade College de Londres, outro autor do estudo.

Tom Booth disse que apesar das descobertas, a análise de DNA não dá necessariamente a imagem completa, particularmente porque o número de indivíduos caçadores-coletores na Grã-Bretanha pode ter sido relativamente pequeno em comparação com os agricultores europeus.

“A melhor explicação agora é que a população mesolítica de caçadores-coletores da Grã-Bretanha não era muito alta. Assim, os agricultores recém-chegados poderiam ter se misturado inteiramente com a população nativa, mas como ela era pequena, os caçadores-coletores deixaram pouco legado genético em geral”, disse.

A equipe de pesquisa usou DNA tirado de dentro dos minúsculos ossos do ouvido dos restos de um homem Mesolítico encontrado no Cheddar Gorge em Somerset, conhecido como “Cheddar Man”. O esqueleto tem cerca de 9.000 anos, tornando-se o mais antigo esqueleto humano quase completo encontrado na Grã-Bretanha.

“Ficamos encantados com a preservação do DNA de Cheddar Man”, disse Selina Brace, pesquisadora de DNA antigo do Museu de História Natural de Londres e principal autora do estudo. “É provável que as condições de enterro seco e frio na caverna de Gough tenham sido um fator chave para manter seu DNA preservado”, afirmou ao jornal.

No ano passado, foi revelado que alguns dos restos cremados de pessoas neolíticas encontradas enterradas perto de Stonehenge do oeste de Gales, perto de onde a pedra usada na estrutura foi extraída. Outros teriam vivido mais localmente, em Wiltshire.