Tensão havaiana

Lava liberada pelo Kilauea: destruição e renovação na ilha (Foto: Alfribeiro)

O Havaí é um arquipélago vulcânico, e o Kilauea, localizado no sul da maior ilha, é o mais ativo desses vulcões. Cerca de 90% da sua superfície é formado por lava com menos de 1.100 anos de idade. Em erupção desde o início de maio, o Kilauea mostra – com a apreensão previsível em um lugar habitado – como o arquipélago expande sua área. Por fissuras na montanha saem jatos de lava cuja temperatura pode ultrapassar 1.000°C. Até 21 de maio, dezenas de casas haviam sido destruídas, milhares de pessoas foram retiradas de suas casas e um morador foi ferido por um salpico de lava. O governo local alertou que a entrada da lava quente no oceano pode poluir o ar da região com nuvens ácidas conhecidas como “laze” (fusão de “lava” e “haze”, neblina em inglês).

 

Escassez no horizonte

Em busca de água na Îndia: uma das regiões mais vulneráveis ao problema (Foto: iStock)

A falta de água será uma das tônicas do século 21, de acordo com um estudo da Nasa, a agência espacial americana, publicado em maio na revista “Nature”. Utilizando dados de satélite colhidos entre 2002 e 2016 para identificar tendências globais, eles concluíram que está mais difícil conseguir o líquido em áreas entre os trópicos e as latitudes mais altas. Desses pontos, 19 estão em situação bem mais grave, incluindo regiões na Califórnia, no norte e no leste da Índia, no Oriente Médio e na Austrália. Em Xinjiang, província no noroeste da China, as chuvas se mantêm na média, mas o consumo da água para a indústria e aagricultura aumentou. O Mar Cáspio também está encolhendo pelos mesmos motivos, que inclusive levaram o Mar de Aral, mais a leste, à agonia.

 

Pistas do exterminador

O quitrídio em close: fungo devastador para os anfíbios (Foto: Divulgação)

A origem da principal causa do desaparecimento de anfíbios no planeta desde os anos 1970 foi descoberta a partir de dados genéticos, segundo um estudo internacional (com participação brasileira) publicado em maio na revista “Science”. O fungo quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis) apareceu inicialmente na Coreia, no início do século passado, e se espalhou em virtude do comércio internacional de rãs-touro (usadas na alimentação humana) e de pequenos anfíbios coloridos vendidos como animais de estimação. O fungo provoca no animal a quitridiomicose, doença de pele que pode matá-lo por parada cardíaca. A descoberta é importante para se elaborarem medidas de monitoramento e contenção do quitrídio, responsável pelo extermínio de mais de 200 espécies de anfíbios na Terra, Brasil inclusive.

 

Lixo nas profundezas

Rastros da presença humana já são encontrados no leito marinho a mais de 1.000km da costa (Foto: iStock)

Nem os locais mais remotos dos oceanos terrestres escapam do tormento do lixo humano. Um estudo de cientistas japoneses publicado em maio na revista “Marine Policy” avaliou fotos e vídeos do leito marinho localizado a mais de 1.000km das costas (a maioria no Oceano Pacífico), obtidas em mais de 5 mil expedições de veículos submersíveis a essas profundidades realizadas durante 35 anos, e os resultados são desoladores. Os pesquisadores encontraram nas fotos e catalogaram 3.425 itens como latas, pedaços de plástico e equipamentos de pesca. Segundo eles, 33% dos detritos observados são “macroplásticos” – objetos maiores, como sacos de supermercados. Os cientistas alertam que são precisos novos estudos para descobrir como o plástico está saindo da terra e chegando a esses pontos profundos no mar.

 

Exercícios prejudiciais

Atividade física no trabalho: mais prejudicial do que vantajosa à saúde (Foto: iStock)

Homens cujo trabalho requer esforço físico têm um risco 18% maior de morrer antes do que os sedentários, afirmam cientistas holandeses em um estudo publicado em maio na revista “British Journal of Sports Medicine”. A razão para o aparente paradoxo não é clara, mas estaria ligada ao fato de que esse tipo de atividade física não é o feito durante as horas de lazer (comprovadamente bom para a saúde). Segundo os pesquisadores, o cotidiano diário desses trabalhadores – suspender ou baixar objetos, fazer movimentos repetitivos, manusear materiais durante oito horas, com pouco tempo de descanso – mais tensiona do que ajuda a melhorar o sistema cardiovascular. Outros estudiosos ressalvam que a descoberta pode estar mais relacionada a um estilo de vida não saudável, marcado pelo consumo de tabaco e álcool, por exemplo.

 

é a taxa de aumento das emissões de clorofluorcarbonetos (CFCs) na atmosfera desde 2012, segundo estudo publicado em maio na revista “Nature”. Usados na indústria de refrigeração e em aerossóis, os CFCs afetam a camada de ozônio e ajudam a acelerar o aquecimento global. Segundo os pesquisadores, “novas fontes de produção”, ainda não identificadas, causaram o acréscimo.

 

Ouro rastreável

Moedas da coleção Fairmine: ouro social e ambientalmente correto (Foto: AFP Photo / Gerard Julien)

Foi lançada em maio a primeira coleção de moedas de ouro Fairmined, emitida pela empresa Monnaie de Paris. O rótulo Fairmined (em inglês, algo como “minerado de forma justa”) evidencia a origem do ouro, proveniente de pequenas minas. Elas têm de atender a determinados padrões sociais (melhores condições de trabalho, distribuição de renda, lei que regulamenta o trabalho dos mineiros, cobertura médica) e também respeitar um ambiente muitas vezes destruído pelo uso de mercúrio e cianeto na extração (por meio de pequenas operações com menor impacto, proteção da água, uso limitado de produtos químicos). A primeira coleção Fairmined, limitada a 600 moedas de ouro, ganhou um nome sugestivo: “Paz”.

 

Eficiência na migração

Aves migratórias: viajar ajuda a poupar energia (Foto: iStock)

Por que 15% das espécies de aves optam por uma vida de migrações constantes, buscando climas temperados para se alimentar quando o inverno chega e voltando alguns meses depois para se reproduzir? A resposta é um tanto paradoxal, segundo um estudo inglês publicado em maio na revista “Nature Ecology & Evolution”: todo esse esforço é impulsionado por uma busca de eficiência energética. Os pássaros migratórios economizam energia ao voarem milhares de quilômetros. De acordo com os pesquisadores, as longas jornadas são compensadas pela permanência, no verão, em lugares onde as aves encontrarão grandes populações de mosquitos, moscas, larvas de insetos e outras iguarias para seu paladar, com a vantagem adicional de disporem de ambientes nos quais a competição por alimentos é reduzida.

 

Viagens virtuais

Templo em Corinto, na Grécia: um dos locais para visitar via Google/CyArk (Foto: Divulgação)

A experiência de estar em um lugar especial como o Grand Canyon (veja a matéria nesta edição) ou a Muralha da China é insubstituível, mas uma alternativa bem mais em conta foi lançada em abril, numa parceria do Google com a CyArk, organização sem fins lucrativos sediada em Oakland, Califórnia. O projeto Open Heritage engloba por enquanto modelos em 3D de 26 locais históricos em 18 países, incluindo o Templo de Quetzalcoatl, na cidade maia de Chichén Itzá, no México; partes da cidade romana de Pompeia, enterrada por uma erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C.; e as moradias em penhascos de nativos americanos em Mesa Verde, no sul do Colorado (Estados Unidos). Os 26 locais são uma amostra dos mais de 200 sítios históricos documentados pela CyArk desde 2003, por meio de fotografia digital, drones aéreos e a tecnologia Lidar de 3D a laser. Eis o link: artsandculture.google.com/project/cyark.

 

Cérebros flexíveis

Adultos mais pobres: córtex mais fino (Foto: iStock)

Os cérebros de adultos são bastante suscetíveis às condições socioeconômicas de seus donos, mas podem ser reformatados e ter suas funções alteradas. Essa é a conclusão de uma pesquisada da Universidade do Texas (EUA) publicada em maio na revista “PNAS”, que avaliou por status socioeconômico imagens de cérebros de pessoas entre 20 e 90 anos de idade. Em adultos de meia idade com status mais alto, as redes cerebrais estavam organizadas de modo mais eficiente e sua matéria cinzenta do córtex era mais espessa. Já em cérebros de pessoas de condição socioeconômica mais baixa, o córtex era mais fino – característica associada a problemas cognitivos com o avanço da idade, como perda de memória e demência. Um trabalho anterior já havia mostrado que os cérebros de crianças podem ser alterados se elas são criadas em ambientes sem educação, nutrição e acesso à saúde adequados.

 

Helicóptero marciano

A Nasa, agência especial americana, anunciou em maio o envio de um pequeno helicóptero a Marte em julho de 2020, na primeira utilização de uma aeronave desse tipo em outro planeta. Conduzido por controle remoto, o Mars Helicopter foi desenhado para voar na rarefeita atmosfera marciana. Ele pesa cerca de 1,8kg, tem baterias solares e pás com cerca de 12 centímetros de circunferência, capazes de girar quase 3 mil vezes por minuto – 10 vezes mais do que os helicópteros terrestres. O helicóptero chegará a Marte acoplado a um rover do tamanho de um carro. Após posicionar a aeronave no solo, o rover se afastará e, a uma distância segura, começará a enviar comandos para pô-lo em funcionamento. Depois, controladores na Terra assumirão o comando e farão diversas experiências com o aparelho. Segundo a Nasa, o Mars Helicopter será usado em voos de escolta ou em missões a lugares inacessíveis.

 

milhões de dólares vai doar o empresário americano Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, à Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima, em resposta à redução de US$ 7,5 milhões para US$ 3 milhões definida este ano pelo Congresso dos EUA para o financiamento do órgão. Doações maiores poderão ser feitas se os EUA realizarem novos cortes, avisou Bloomberg.

 

Taj Mahal esverdeado

Taj Mahal: cor afetada pela poluição e por fezes de insetos (Foto: iStock)

Uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo, o Taj Mahal, mausoléu localizado em Agra (norte da Índia), está gradualmente mudando de cor. Conhecido por suas paredes de mármore branco, ele ficou amarelado há alguns anos e agora apresenta manchas em tons castanhos e verdes. O problema estaria relacionado à poluição e a excrementos de insetos. O mausoléu está próximo do rio Yamuna, onde deságuam vários esgotos, que atraem mosquitos da espécie Chironomus calligraphus. Sem seus predadores naturais, os peixes, esses insetos proliferam na região. Para tentar resolver o problema, o Tribunal Supremo da Índia instruiu o governo do país a buscar ajuda tanto interna como externa.

 

Luiz Gasparetto (1949-2018)

Luiz Antonio Gasparetto, que em 3 de maio perdeu a luta contra um câncer de pulmão, foi o mais notável médium de pintura (psicopictografia) do Brasil. Filho da também médium (de psicografia) Zíbia Gasparetto, ele foi apresentado nos anos 1970 à jornalista Elsie Dubugras, de PLANETA, que convocou um grupo de pesquisadores, entre eles o inglês Guy Playfair e o brasileiro Hernani Guimarães Andrade, para estudar os dons do rapaz.
Com a avaliação positiva obtida, Elsie divulgou o trabalho de Gasparetto no Brasil e no mundo. Ele pintava, com as mãos e os pés, obras assinadas por mestres como Toulouse-Lautrec, Picasso, Renoir, Monet, Da Vinci e Modigliani. A partir dos anos 1980, Gasparetto, formado em psicologia, afastou-se do espiritismo e, orientado pelo espírito Calunga, passou a propor uma linha espiritualista mais marcada pela autoajuda. Além de escrever vários livros sobre esses temas, Gasparetto deu cursos e apresentou programas no rádio, na TV e seu canal no YouTube.

 

Supertrilha

Trilha na Mata Atlântica: 3 mil quilômetros de extensão (foto: iStock)

Uma trilha de cerca de 3 mil quilômetros de extensão está sendo criada entre o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro: o Caminho da Mata Atlântica. Iniciativa liderada pelo WWF-Brasil com o apoio de ICMBio, CBME, Abeta, Federações de Montanhistas Regionais, órgãos estaduais e grupos locais, ele une trilhas, caminhos e travessias da região, muitas já existentes, em meio à natureza, com cenários de floresta e mar e muito espaço para caminhar e escalar. Com isso, acreditam os defensores da proposta, é possível valorizar a natureza, melhorar a saúde das pessoas, valorizar a história e cultura regionais e fomentar a economia local. A ideia tem origem na Appalachian Trail, trilha que segue o litoral leste dos Estados Unidos e liga mais de 90% das unidades de conservação do país.