Tamanho não é mesmo documento: um estudo revelou que, por enquanto, mais de 30 espécies de aranhas conseguem matar cobras centenas de vezes maiores do que elas próprias na natureza. Onze delas também reproduzem esse comportamento em cativeiro. O estudo foi publicado na revista Journal of Arachnology.

Os autores do trabalho – Martin Nyffeler, biólogo conservacionista da Universidade da Basileia (Suíça), e J. Whitfield Gibbons, herpetologista da Universidade da Geórgia (EUA) – acompanharam inicialmente, por um longo período, casos desse tipo, utilizando publicações científicas, sites de notícias e mídias sociais. Depois, eles observaram 319 casos em que aranhas venenosas mataram e se alimentaram de cobras.

“Quanto mais tempo lido com esse problema, mais percebo que certas aranhas realizam feitos incríveis”, disse Nyffler. Ele já havia estudado antes como as aranhas se alimentam de outros animais, como morcegos.

Casos em todos os continentes

A partir do número de ocorrências monitoradas, Nyffeler e Gibbons notaram que as aranhas viúvas (como a viúva-negra e a viúva-marrom) tinham uma tendência particular de matar e se banquetear com cobras. Cerca de 50% das mortes que observaram foram atribuídas a essa subespécie de aracnídeo. Outras que demonstram eficiência em matar cobras são as tarântulas (10%) e aranhas da família Araneidae (8,5%). Os casos estudados se espalham por todos os continentes, com exceção da Antártida – as condições locais tornam a observação de tais fenômenos difícil.

As aranhas da lista são em sua maioria pequenas: crescem até cerca de 1,1 centímetro. Mas possuem um veneno poderoso o suficiente para matar criaturas centenas de vezes maiores. Em casos raríssimos, seu veneno pode até matar humanos.

Já em relação às vítimas, Nyffeler e Gibbons mostraram que a maioria das cobras mortas pelas aranhas era composta de bebês ou jovens. A espécie à qual pertenciam não fazia diferença. No total, 86 espécies diferentes de cobras foram registradas nesses incidentes. As presas mais frequentes incluíam membros da família Colubridae (cobras-liga, cobras-rato, etc.). Para Nyffeler, isso provavelmente ocorreu porque essas espécies são comuns entre as aranhas em todos os continentes, excetuando-se a Austrália.

Casos em todos os continentes

Em condições favoráveis, porém, as aranhas também atacaram cobras bem maiores e mais maduras. Nas observações, as maiores vítimas rondavam 100 centímetros de comprimento e pesavam vários gramas. Essas eram frequentemente capturadas por aranhas maiores. Entre elas estão determinadas tarântulas, que vão à caça de suas presas em vez de dependerem de teias, e espécies das aranhas Araneidae, que capturam as cobras nas teias e, em seguida, sugam as entranhas das presas após liquidarem-nas com o veneno. Esse, naturalmente, não é um processo rápido: as mortes por veneno podem levar de horas a dias, e banquetear-se com as cobras podem consumir ainda mais tempo.

A propósito, das cobras mortas, cerca de 33% não eram venenosas. O veneno da aranha conseguiu matar cerca de 86% das cobras acompanhadas no estudo.

Vale observar que as cobras não são parte habitual da dieta dessas aranhas. Mas, se a oportunidade aparece, elas (sobretudo as tarântulas) não recusam essas iguarias.