Os cientistas sempre se perguntaram por que os animais marinhos que vivem nos oceanos polares e no mar profundo podem atingir tamanhos gigantes nesses locais, mas em nenhum outro lugar.

Pesquisadores da Universidade do Havaí e da Universidade de Montana foram à Antártida para testar a “hipótese oxigênio-temperatura”. Essa teoria diz que animais vivendo em frio extremo podem atingir tamanhos gigantes porque seu metabolismo é muito lento. Os animais que eles estudaram eram aranhas do mar, parentes marinhos de aranhas terrestres que respiram através de suas pernas.

O estudo, publicado na revista ‘Proceedings of the Royal Society of London”, foi realizado na Estação McMurdo, na Antártida. A ideia por trás da teoria é que é muito trabalhoso capturar oxigênio e levá-lo até as células. Ou seja, quanto maior o animal, maior o esforço. No frio, o organismo exige menos oxigênio, então os animais podem crescer para um tamanho maior.

Para testar se as aranhas gigantes eram mais afetadas pelo calor do que as pequenas, os pesquisadores exercitaram as aranhas, colocando-as de cabeça para baixo e contando o número de vezes em que conseguiram se equilibrar em uma faixa de temperatura normal, de -1,8° C até 9° C. Contra as previsões, os animais gigantes tiveram um desempenho parecido com o dos animais menores a cada temperatura.

“Ficamos surpresos que os animais gigantes não só pudessem sobreviver a temperaturas muito mais altas do que costumamos ver, como também lidavam com as temperaturas mais quentes da mesma maneira que as espécies menores”, disse Caitlin Shishido, uma das pesquisadoras. “Isso não deveria acontecer; animais maiores deveriam esgotar seu suprimento de oxigênio e ficar sem gás muito mais cedo do que os pequenos.” Especialmente para as aranhas do mar, que respiram pela pele e não têm brânquias ou pulmões para ajudar a obter oxigênio.

Os pesquisadores então usaram microscópios para olhar atentamente para as pernas e desvendar esse mistério. As pernas das aranhas do mar estão cobertas de poros, e os pesquisadores descobriram que, à medida que as aranhas-do-mar crescem, seus exoesqueletos se tornam cada vez mais porosos. “Os exoesqueletos dos espécimes realmente grandes parecem quase queijo suíço”, disse Shishido.

Os pesquisadores alertaram que estes eram experimentos de curto prazo e os efeitos a longo prazo do aquecimento em animais gigantes ainda não são compreendidos. Mas estes animais polares gigantes podem não ser tão vulneráveis ​​ao aquecimento dos oceanos como se pensava anteriormente.