A Nasa e o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo (NSIDC, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, informaram que a área ocupada pelo gelo marinho no Ártico no verão deste ano foi a segunda menor já registrada por satélites, empatando com 2007 e 2016. A cobertura de gelo marinho em 18 de setembro, a menor medida neste verão no norte do planeta, era de apenas 4,15 milhões de quilômetros quadrados.

O recorde mínimo segue com 2012: 3,41 milhões de quilômetros quadrados. Mas aquele foi um ano de ocorrência climática atípica, lembram os cientistas. Desta vez, nada de excepcional aconteceu para justificar o número baixo.

A camada de gelo marinho do Ártico é uma extensão de água do mar congelada flutuando no topo do Oceano Ártico e nos mares vizinhos. Todos os anos, ela se expande e engrossa durante o outono e o inverno, depois fica menor e mais fina durante a primavera e o verão. Nas últimas décadas, porém, o aumento da temperatura do ar e da água causou acentuadas reduções na extensão do gelo do Ártico em todas as estações, com diminuições particularmente rápidas no verão.

LEIA TAMBÉM: Ártico pode perder totalmente o gelo no verão se temperatura aumentar 2 graus

Tendência de queda

O mapa no alto mostra a extensão do gelo marinho do Ártico medida por satélites em 18 de setembro de 2019. Extensão é definida como a área total em que a concentração de gelo é de pelo menos 15%. O contorno amarelo mostra a extensão mediana do gelo marinho de setembro de 1981 a 2010; de acordo com dados do NSIDC, a extensão mínima mediana para 1979-2010 foi de 6,33 milhões de quilômetros quadrados. Os instrumentos de micro-ondas a bordo dos satélites meteorológicos do Departamento de Defesa dos EUA monitoraram as mudanças do espaço.

As mudanças na área de gelo marinho do Ártico têm impactos amplos. Esse gelo afeta os ecossistemas locais, os padrões climáticos regionais e globais e a circulação dos oceanos.

“O mínimo deste ano mostra que não há sinal de que a cobertura de gelo do mar esteja se recuperando”, disse Claire Parkinson, cientista sênior do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, ao site Earth Observatory, da agência espacial americana. “A tendência de longo prazo para a extensão de gelo marinho do Ártico tem sido definitivamente decrescente.”

“Foi uma estação de derretimento interessante”, disse Walt Meier, pesquisador de gelo marinho do NSIDC, ao Earth Observatory. “A temporada começou com uma extensão muito baixa de gelo marinho em maio, seguida por uma perda muito rápida de gelo em julho e no início de agosto. “No início de agosto, estávamos com níveis baixos de gelo recorde naquela época do ano, então um novo recorde mínimo poderia estar na oferta.”

Pouco impacto

Ao contrário de 2012 – quando um poderoso ciclone em agosto quebrou a camada de gelo e acelerou seu declínio até a menor extensão já registrada –, esta estação de derretimento não teve eventos climáticos extremos. Embora áreas dentro do Círculo Polar Ártico tenham registrado temperaturas médias entre 4 e 5 graus Celsius acima do normal, eventos como a severa temporada de incêndios no Ártico e a onda de calor europeia não tiveram muito impacto no derretimento do gelo do mar.

“Quando os incêndios na Sibéria começaram em alta velocidade no fim de julho, o sol já estava baixando no Ártico, então o efeito da fuligem que escurecia a superfície do gelo do mar não era tão grande”, disse Meier. “Quanto à onda de calor na Europa, afetou definitivamente a perda de gelo terrestre na Groenlândia e também causou um aumento no derretimento ao longo da costa leste groenlandesa. Mas essa é uma área em que o gelo marinho está sendo transportado pela costa e derretendo rapidamente, de qualquer maneira.”