Um novo artigo de pesquisadores americanos publicado na revista Journal of the European Economic Association, da Oxford University Press, indica que tendemos a ouvir pessoas que nos dizem coisas em que gostaríamos de acreditar e ignorar pessoas que nos dizem coisas que preferimos não ser verdade. Como resultado, pessoas com ideias semelhantes tendem a tornar-se mais tendenciosas quando trocam crenças umas com as outras.

Embora seja razoável pensar que as pessoas tomam decisões baseadas apenas em evidências e experiência, pesquisas anteriores demonstraram que os tomadores de decisão têm “crenças motivadas”. Eles acreditam em coisas em parte porque gostariam que fossem verdadeiras.

As crenças motivadas (e o raciocínio que leva a elas) podem gerar vieses sérios. Especula-se que elas ajudam a explicar a proliferação de desinformação em fóruns online. Essas crenças também podem explicar o desempenho do mercado de ações. Há uma grande quantidade de informações objetivas disponíveis sobre os mercados financeiros, mas a tomada de decisão e o incentivo em grupo podem resultar em bolhas e instabilidade financeira.

Preconceitos avaliados

Os pesquisadores Ryan Oprea e Sevgi Yuksel, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, usaram experimentos de laboratório para estudar se esses preconceitos nas crenças se tornavam mais graves quando as pessoas trocavam essas crenças umas com as outras. Os pesquisadores parearam os indivíduos com base em sua pontuação em um teste de QI, de modo que ambos os membros tiveram pontuações acima da mediana ou ambos tiveram pontuações abaixo da mediana. Os sujeitos então trocaram crenças sobre uma proposição que ambos queriam acreditar ser verdadeira: que eles estavam no grupo de QI alto.

O experimento revelou que as pessoas pessimistas por estarem no grupo de QI alto tendem a se tornar significativamente mais otimistas quando comparadas a uma contraparte mais otimista. Uma pessoa otimista, entretanto, provavelmente não mudará suas crenças se combinada com uma contraparte mais pessimista. Este efeito é particularmente forte para pessoas que estão no grupo de QI baixo, em que produz tendências particularmente severas.

No geral, os resultados sugerem que a amplificação do viés ocorre porque as pessoas (seletivamente) atribuem maior valor informativo aos sinais sociais que reforçam sua motivação preexistente para acreditar.

Confiabilidade e imparcialidade

No entanto, na metade do experimento, a equipe de pesquisa deu aos participantes uma informação imparcial sobre em que grupo de QI eles estavam. Isso foi altamente eficaz para remover os preconceitos causados ​​pela troca inicial de crenças.

Os resultados, portanto, sugerem que fornecer fontes de informação confiáveis ​​e imparciais pode reduzir as crenças motivadas em ambientes como câmaras de eco e mercados financeiros.

“Este experimento apoia muitas suspeitas populares sobre por que as crenças tendenciosas podem estar piorando na era da internet”, disse Oprea. “Agora recebemos muitas informações das mídias sociais e não sabemos muito sobre a qualidade das informações que obtemos. Como resultado, muitas vezes somos forçados a decidir por nós mesmos quão precisas são essas várias opiniões e fontes de informação e quanto devemos investir nelas. Nossos resultados sugerem que as pessoas resolvem esse dilema atribuindo credibilidade a fontes que estão nos dizendo o que gostaríamos de ouvir, e isso pode tornar os preconceitos devido ao raciocínio motivado muito piores com o tempo.”