Se o dióxido de carbono já é um dos grandes causadores das mudanças climáticas, o metano é ainda mais potente e preocupante. Principalmente agora que os pesquisadores descobriram que os níveis desse gás de efeito estufa na atmosfera estão aumentando, embora não saibam por que motivo, justamente quando se esperava que estivessem baixando.

O metano só fica na atmosfera por cerca de uma década antes de se transformar em CO2, mas absorve muito mais calor. Pesquisas de uma equipe internacional de cientistas detectaram que os níveis de metano ficaram estáveis por sete anos, a partir de 1999. Os cientistas atribuíram a diminuição das emissões devido à recessão. Mas então, em 2007, o quadro se reverteu. Provavelmente, por causa da agricultura.

Já um novo estudo publicado no início de 2019 por outro grupo demonstrou um segundo aumento acentuado nos valores de metano a partir de 2014. Os níveis de metano dispararam a taxas que não eram vistas desde os anos 1980. As descobertas mostraram que o crescimento real do metano atmosférico foi muito mais rápido do que os cientistas ou os formuladores de políticas imaginaram ao unir as metas de emissões.

Os cenários de emissões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que limitam o aquecimento a 2ºC, pressupunham que o metano cairia 10 partes por bilhão entre 2010 e 2050. Mas, segundo o National Ocean and Atmospheric Administration, o metano aumentou quase esse tanto a cada ano desde 2014.

Mais medições e modelos de gases de efeito estufa são necessários para determinar a origem dessas emissões e o que está impulsionando sua rápida ascensão. Mas o tempo está se esgotando para manter o aumento da temperatura mundial dentro da meta do IPCC.