Uma equipe liderada por astrônomos dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (Naoc) descobriu 591 estrelas de alta velocidade com base em dados do Large Sky Area Multi-Object Fiber Spectroscopic Telescope (Lamost) e da missão Gaia. Desse total, 43 estrelas podem até escapar da Via Láctea, a nossa galáxia.

O estudo foi publicado online na revista “The Astrophysical Journal Supplement Series”.

A primeira estrela de alta velocidade foi descoberta em 2005. Desde então, mais de 550 desses sóis foram encontrados com vários telescópios em 15 anos. “As 591 estrelas de alta velocidade descobertas desta vez dobraram o número total previamente descoberto, elevando-o atualmente para algo superior a 1.000”, disse o dr. Li Yinbi, principal autor do estudo.

Visão profunda

Estrelas de alta velocidade são uma espécie de estrelas que se movem rapidamente e podem até escapar da galáxia. “Embora raras na Via Láctea, estrelas de alta velocidade, com cinemática única, podem fornecer uma visão profunda de uma ampla gama da ciência galáctica, desde o buraco negro supermassivo central até o distante halo galáctico”, disse o prof. Lu Youjun, do Naoc, coautor do artigo.

O Lamost é o maior telescópio óptico da China. Ele tem a maior taxa de aquisição espectral do mundo e pode observar cerca de 4 mil alvos celestes em uma única exposição. O Lamost começou a fazer pesquisas regulares em 2012 e estabeleceu o maior banco de dados espectrais do mundo.

Gaia é uma missão baseada no espaço do programa de ciências da Agência Espacial Europeia (ESA) lançado em 2013. Forneceu parâmetros astrométricos para mais de 1,3 bilhão de fontes, que é o maior banco de dados de parâmetros astrométricos. “Os dois grandes bancos de dados nos fornecem uma oportunidade sem precedentes de encontrar mais estrelas de alta velocidade, e nós conseguimos”, disse o prof. Luo Ali, do Naoc, outro coautor da pesquisa.

Baixa metalicidade

Com base na cinemática e na química, os pesquisadores descobriram que 591 estrelas de alta velocidade eram estrelas do halo interno. “Suas baixas metalicidades [a proporção da sua matéria constituída de elementos químicos diferentes de hidrogênio e hélio] indicam que a maior parte do halo estelar se formou como consequência do acúmulo e da interrupção da maré de galáxias anãs”, disse o prof. Zhao Gang, do Naoc, outro coautor do estudo.

A descoberta dessas estrelas de alta velocidade nos diz que a combinação de várias pesquisas grandes no futuro nos ajudará a descobrir mais estrelas de alta velocidade e outras estrelas raras, que serão usadas para estudar mistérios não resolvidos sobre a Via Láctea.