Astrônomos detectaram uma peculiaridade na galáxia NGC 4490, localizada a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância: ela tem dois núcleos. Um deles é visível nos comprimentos de onda ópticos, enquanto o outro é visível apenas nos comprimentos de onda no infravermelho e no rádio. O estudo a esse respeito vai ser publicado na revista “Astrophysical Journal”.

A NGC 4490, na constelação de Canes Venatici, forma um par de interação com uma galáxia irregular menor, NGC 4485. Juntas, as duas também foram catalogadas como Arp 269. Esse sistema, um análogo isolado das Nuvens de Magalhães, é cercado por uma enorme nuvem de hidrogênio. As forças extremas de maré de sua interação determinaram as formas e propriedades das duas galáxias.

A NGC 4490 era antes uma galáxia espiral barrada, semelhante à Via Láctea. Mas suas regiões periféricas foram expandidas, o que originou seu apelido de Galáxia do Casulo. Praticamente nenhum traço de sua estrutura espiral passada pode ser visto de nossa perspectiva.

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“Vi o núcleo duplo no NGC 4490 há cerca de sete anos”, disse o primeiro autor do estudo, Allen Lawrence, de 77 anos, que obteve um mestrado em astronomia pela Universidade Estadual de Iowa (EUA) em 2018 e segue trabalhando com astrônomos nesse estado do Meio-Oeste americano. “Isso nunca havia sido observado – ou ninguém nunca havia feito nada com isso antes.”

Várias semelhanças

Ele acrescentou: “Alguns astrônomos podem ter visto um núcleo com seus telescópios ópticos. E outros podem ter visto o outro com seus radiotelescópios. Mas os dois grupos nunca compararam notas para observar e descrever o núcleo duplo”.

Os dois núcleos da NGC 4490 são semelhantes em tamanho, massa e luminosidade. Eles também são semelhantes em massa e luminosidade aos núcleos observados em outros pares de galáxias que interagem.

A estrutura de núcleo duplo também poderia explicar por que o sistema galáctico é cercado por uma enorme nuvem de hidrogênio.

“A interpretação mais direta das observações é que a própria NGC 4490 é uma fusão em estágio final remanescente de uma colisão muito anterior de duas galáxias”, afirmaram os astrônomos no estudo. “Uma fusão pode impulsionar e estender o alto nível de formação estelar necessário para criar uma pluma de hidrogênio tão grande.”