Nos últimos tempos, estabeleceu-se um consenso de que são necessários pelo menos 150 minutos por semana de atividade física moderada para manter a saúde. Mas ainda faltavam estudos sobre se níveis de atividade física leves ou abaixo dos recomendados ainda trariam benefícios à saúde.

O norueguês Ulf Ekelund, professor da Escola Norueguesa de Ciências do Esporte, e o inglês Thomas Yates, professor da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade de Leicester, resolveram pesquisar a questão a partir desse prisma, e o resultado, publicado ontem no periódico “British Medical Journal” (BMJ), também foi abordado no jornal “The Guardian”.

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Em essência, sua conclusão foi de que reduzir o tempo gasto em sedentarismo em prol de atividade física, mesmo que leve, é benéfico à saúde. Nessa atividade leve incluem-se tarefas domésticas como lavar louça, tirar pó dos móveis ou fazer jardinagem. O estudo reforça também a ideia de que níveis mais intensos de qualquer atividade física ajudam a evitar uma morte prematura.

Movimentação variada

Ekelund e Yates combinaram dados de oito estudos de Estados Unidos, Reino Unido e Escandinávia, nos quais mais de 36 mil participantes, com idade média próxima a 63 anos, usaram um sensor de movimento (acelerômetro) em um cinto ao redor da cintura entre quatro e sete dias no total. Os participantes foram acompanhados por cerca de seis anos, durante os quais mais de 2.500 deles morreram.

Para cada estudo, os participantes foram divididos em quatro grupos de igual tamanho, com base na quantidade total de tempo gasto ativo, e o risco de morte avaliado. Foram considerados fatores como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e nível socioeconômico. O processo foi então repetido para uma quantidade de atividade em diferentes níveis de intensidade. Os resultados foram analisados em conjunto para fornecer uma visão geral.

Os pesquisadores verificaram que um maior volume de atividade global foi associado a um menor risco de morte. Os resultados foram mantidos mesmo em diferentes intensidades de atividade.

Em relação àqueles que passaram menos tempo em atividade física leve (cerca de 200 minutos por dia), os que registraram cerca de 258 minutos por dia tiveram um risco 40% menor de morte. Os que despenderam aproximadamente 308 minutos apresentaram um risco 56% menor.

Atividade maior, risco menor

Já o grupo que registrou os níveis mais altos de atividade física leve (cerca de 380 minutos por dia) teve um risco 62% menor de morte do que o grupo que fez o mínimo. Ekelund e Yates observaram que o número representa um efeito duas vezes maior do que se pensava, possivelmente devido a uma coleta de dados mais precisa.

A tendência foi similar em relação a atividades moderadas e mais intensas, mesmo quando os níveis de tempo sedentário foram levados em consideração. Comparados àqueles que realizaram o mínimo de atividade (cerca de 90 segundos por dia), os que fizeram cerca de seis minutos por dia apresentaram risco 36% menor de morte. Já os que praticaram cerca de 38 minutos de atividade por dia apresentaram risco de morte 48% menor.

Para Ekelund e Yates, seu estudo endossa a mensagem “sente-se menos e mova-se com mais frequência”. “Nossos resultados sugerem fortes associações entre a atividade física total e o risco de morrer”, observam. “Esse achado foi independente da intensidade da atividade, significando que aumentar a quantidade total diária de atividade física através de atividade física de intensidade leve ou atividade física moderada a vigorosa contribuiu substancialmente para um menor risco de morte.”

“A observação de que a atividade física de intensidade leve também forneceu benefícios substanciais à saúde é importante para a saúde pública, já que isso sugere que pessoas mais velhas e aquelas que não são capazes de serem fisicamente ativas em intensidades mais altas ainda terão benefícios com a movimentação”, concluem.