Registros históricos afirmam que os antigos egípcios navegavam pelo Mar Negro para adquirir produtos que não encontravam no Mediterrâneo. Mas muitos duvidam dessa teoria, porque não acreditam que seria possível realizar uma viagem tão distante com a tecnologia disponível na época, quatro mil anos atrás.

Então, uma equipe de aventureiros decidiu testar essa teoria e construiu um barco de junco, semelhante aos usados pelos antigos egípcios. O time é liderado pelo arqueólogo alemão Dominique Görlitz, que já realizou outras expedições náuticas para testar teorias relacionadas a antigas interações marinhas e culturais de civilizações antigas.

Para construir o barco, que tem 14 metros de comprimento e uma altura de 12 metros, a equipe coletou 12 toneladas de junco no lago Titikaka, na Bolívia. O material foi enviado para a Bulgária e o barco foi construído durante os 10 meses seguintes. As embarcações egípcias usavam caules de papiro. Mas, diante da dificuldade em conseguir o material, os aventureiros modernos o substituíram por junco.

A equipe foi orientada pelo experiente barqueiro Fermin Limachi, que vem de uma família com tradição na arte de produzir embarcações de junco.

A expedição “Missão Abora”, que começou nesta quinta-feira (1), fará o caminho contrário dos egípcios, saindo da cidade de Beloslav, Bulgária, que fica próxima da cidade de Varna, na costa do Mar Negro,  e viajará até Creta, na Grécia, navegando por 1,3 mil quilômetro.

Apesar de reproduzir uma tecnologia de embarcações antiga, a tripulação, composta por voluntários de oito países, não vai abrir mão de meios de comunicação modernos, por rádio e satélite, para evitar colisões com outras embarcações. Segundo Görlitz, ficar cara a cara com um cargueiro seria muito mais perigoso do que enfrentar uma tempestade.

Resta saber se o barco de junco resistirá ao vento e às intempéries de uma travessia desse porte e se conseguirá chegar inteiro ao seu destino final.