Os bebês humanos riem de maneiras que lembram mais os chimpanzés do que os humanos adultos, afirma uma equipe internacional de pesquisadores. Seu estudo foi abordado em artigo publicado na revista Biology Letters.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que os humanos adultos riem apenas quando estão expirando. Enquanto isso, os chimpanzés riem durante a inspiração e a expiração. Agora, pesquisadores da Universidade de Leiden, da Universidade de Amsterdã (Holanda) e da University College London (Reino Unido) descobriram que bebês humanos riem como chimpanzés: eles o fazem enquanto inspiram e expiram.

Segundo a autora principal do estudo, Mariska Kret, professora de psicologia cognitiva da Universidade de Leiden, quando um humano adulto ri, ele inicialmente inspira antes de produzir sons “rá, rá, rá” em rajadas curtas, começando alto e depois sumindo. “O tipo [não humano] de riso do macaco é mais difícil de descrever, mas há uma alternância ru-rá-ru-rá”, ela afirmou à rede CNN.

Semelhanças na anatomia

Os cientistas pediram a dois grupos de adultos voluntários que ouvissem o áudio do riso de bebês com idade entre 3 e 18 meses. A um grupo de 117 pessoas pediu-se para contar quando o riso era ouvido enquanto o bebê estava inspirando e enquanto expirava. Ao segundo grupo, formado por 102 adultos, solicitou-se que avaliasse se e quanto o riso dos bebês lhes soava agradável e contagiante.

Analisando os dados colhidos, os pesquisadores descobriram que os bebês riam de maneiras mais semelhantes aos chimpanzés do que aos humanos adultos. Segundo eles, isso faz sentido por dois motivos. A primeira é que a anatomia da garganta dos bebês se assemelha mais à dos chimpanzés adultos do que dos humanos adultos. A segunda razão é porque os humanos aprendem a rir de maneiras diferentes à medida que envelhecem, com base em ouvir as pessoas ao seu redor, geralmente seus pais.

Os dados também mostraram que os voluntários acharam o riso durante a expiração mais agradável e contagioso do que o riso durante a inspiração. Esse achado ajuda a explicar por que os bebês param de rir enquanto inspiram à medida que crescem e tornam-se crianças.

Os bebês mais velhos da amostra (os mais próximos dos 18 meses de idade) foram os que expiraram mais enquanto riam. Isso sugere que durante esse período chave de desenvolvimento – entre 3 e 18 meses de idade –, os bebês aprendem a expirar quando riem.

Resposta automática

Pesquisas anteriores haviam mostrado que o riso é comum tanto nos macacos menores quanto nos maiores e também em alguns roedores. Ele geralmente é usado como um recurso de vínculo por criaturas que vivem em grupos altamente sociais.

Para os pesquisadores, os bebês humanos inicialmente riem como uma resposta automática a coisas que acham engraçadas de uma forma que lhes pareça natural. É apenas à medida que envelhecem que mudam a maneira como riem para se adequar ao ambiente.

“Este estudo começou porque nossa autora principal assistiu a um vídeo do bebê de sua amiga rindo e achou que parecia um chimpanzé”, disse a coautora drª Disa Sauter, da Universidade de Amsterdã. “Claro que ela não disse isso para a mãe! Mas isso nos fez pensar e descobrimos essa semelhança, que os pais podem querer ouvir. (…) Isso apenas mostra que nosso repertório comportamental é antigo e herdado do ancestral comum que compartilhamos com os macacos.”

Os pesquisadores já planejam uma sequência do estudo: conduzir os mesmos tipos de testes com bebês que choram.