Cerca de 1,35 bilhão de pessoas estão atualmente empregadas em setores fortemente dependentes da água. Além disso, três quartos de todos os empregos do mundo dependem de algum modo da água. Essas foram algumas das constatações destacadas na edição de 2016 do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, lançado no Dia Mundial da Água (22 de março) e cujo tema é “Água e Emprego”.

Quase 1 bilhão de pessoas estão empregadas em três setores: agricultura, silvicultura e pesca. “A água está no centro da nova Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, realçada no Objetivo 6. Ela é importante para o sucesso de todos os outros objetivos – inclusive para fazer avançar a perspectiva de empregos decentes para todos, que é o foco do relatório deste ano”, afirmou Marlova Noleto, diretora da Área Programática da Unesco no Brasil, no lançamento brasileiro do relatório, em Brasília.

Segundo Angela Ortigara, oficial do Programa das Nações Unidas para Avaliação de Recursos Hídricos (WWAP, na sigla em inglês), a transição para uma economia verde, na qual a gestão hídrica seja feita de modo sustentável, gerará vários empregos tanto para a pesquisa e desenvolvimento da área quanto para a construção, a implementação e a manutenção de novas plantas de energia, saneamento e reúso da água. “Na América Latina, a cada US$ 1 milhão investidos em água e saneamento são criados 100 empregos diretos”, disse Angela.

Além disso, o investimento em água e em sanea­mento tem efeito multiplicador na criação de empregos nos outros setores da economia. Nos Estados Unidos, uma aplicação de US$ 1 milhão nessa área pode gerar de 10 a 15 empregos no setor de fontes alternativas de água, de 5 a 20 empregos no setor de gestão de águas pluviais, de 12 a 22 empregos na conservação urbana e eficiência e de 10 a 72 empregos em recuperação e mitigação de impactos ambientais.

Por outro lado, a escassez de água pode limitar o crescimento econômico, gerando desemprego e impactando todos os setores de forma mais ou menos direta. Essa escassez pode ocorrer não apenas pela falta física do recurso, mas também pela gestão inadequada ou por restrições financeiras, humanas e institucionais. “Existe em todo o mundo a necessidade de se melhorar a gestão do recurso que já está disponível”, afirma Ary Mergulhão, coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil. A média mundial de perda entre a água captada e a que chega ao consumo final é de 30%.

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