Medições muito precisas do movimento das estrelas mais próximas do buraco negro central da Via Láctea permitiram agora calcular com grande acurácia a distribuição de massa no cerne da galáxia. Usando telescópios nos hemisférios norte e sul do planeta, um grupo internacional de astrônomos e astrofísicos verificou que Sagitário A*, o buraco negro com massa 4,3 milhões de vezes maior que a do Sol, detém 99,9% da matéria do centro galáctico. O 0,1% restante corresponde a estrelas, buracos negros menores, nuvens de gás e poeira interestelar e matéria escura (Astronomy & Astrophysics, no prelo).

Imagens obtidas entre março e julho de 2021 mostram a trajetória de estrelas orbitando o buraco negro Sagitário A*. Crédito: ESO/GRAVITY collaboration

Mesmo após décadas de observações meticulosas, era difícil provar que a quase totalidade da massa da região estava concentrada nesse buraco negro. De acordo com a teoria da relatividade geral, de Albert Einstein, estrelas orbitando objetos de massa muito elevada descrevem uma trajetória em forma de roseta. Acompanhando o movimento de quatro estrelas (S2, S29, S38 e S55) na vizinhança imediata do Sagitário A*, o grupo de pesquisadores, do qual participou o astrofísico Reinhard Genzel, diretor do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre e ganhador do Nobel de Física de 2020, conseguiu inferir a distribuição de massa na região.

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.