Um estudo canadense publicado esta semana na revista “Environmental Science and Technology” passa um dado assustador sobre o nosso consumo involuntário de microplásticos: a cada ano, uma pessoa come em média pelo menos 50 mil partículas desse material e respira uma quantidade similar. Suspeita-se que o número real seja bem maior, já que as análises referentes à contaminação por plástico cobriram um universo relativamente pequeno de alimentos e bebidas.

Os minúsculos fragmentos têm origem na desintegração do lixo plástico e podem ser encontrados em qualquer lugar no planeta, desde a atmosfera até as maiores profundezas oceânicas, na água que bebemos ou no peixe que consumimos. Em outubro eles foram detectados pela primeira vez em amostras de fezes humanas, confirmando que estamos ingerindo esse material.

Os cientistas, da Universidade de Victoria, coletaram dados disponíveis em 26 estudos que mediram as quantidades de partículas de microplástico presentes no ar das cidades, em água, cerveja, açúcar, sal, peixes e frutos do mar. Depois, usaram as orientações dietéticas do governo americano para calcular quantas partículas cada pessoa ingeriria por ano.

Segundo suas estimativas, a cada ano os adultos ingerem 50 mil partículas de microplástico; nas crianças, esse número cai para 40 mil partículas.

Ainda não se sabe quais são as consequências da presença do microplástico no corpo humano. Suspeita-se que as partículas podem liberar substâncias tóxicas no organismo e, introduzindo-se em tecidos, desencadear reações no sistema imunológico. Mas ainda é desconhecida a quantidade desse material que seria necessária para desencadear tais processos.