Indianos e paquistaneses continuam sofrendo com a forte onda de calor que atinge o sul da Ásia nas últimas semanas. Os termômetros seguem na casa dos 45°C na região central e no norte da Índia e na maior parte do Paquistão.

Como destacado por Julia Kane no Grist, a área afetada pelo calor abrange mais de um bilhão de pessoas, sendo a esmagadora maioria composta por grupos sociais mais pobres e vulneráveis, sem condição de enfrentar o calor no conforto de um ar-condicionado, e que estão vendo sua subsistência ficar ainda mais comprometida, com a perda da safra.

No NY Times, Somini Sengupta observou que as condições meteorológicas no sul da Ásia estão pressionando os limites do corpo humano: a combinação de calor com umidade está chegando a tal ponto que as pessoas correm o risco de “cozinhar”. O mais preocupante é que esse calor anormal não é mais um evento pontual de ocorrência rara: a cada ano, o calor intenso se repete em diferentes intensidades, mas sempre um degrau acima daquilo tido até pouco tempo atrás como “normal”.

A matéria citou um estudo publicado nesta semana na revista Climatic Change assinado por Friederike Otto, uma das climatologistas mais respeitadas do mundo, no qual ela sugere que a pergunta sobre a relação entre calor extremo e mudança do clima está se tornando “obsoleta”. Isso porque o aumento da temperatura média global já intensificou as ondas de calor “muitas vezes mais rápido do que qualquer outro tipo de evento extremo”.

Em tempo: Vale a pena conferir uma análise do Carbon Brief sobre a cobertura jornalística acerca da onda de calor recente no sul da Ásia, abordando tanto as matérias que destacaram a relação entre mudança do clima e calor extremo quanto aquelas que focaram nos impactos do tempo mais quente nas pessoas e na agricultura.