De Leonardo da Vinci a Oprah Winfrey, de Napoleão Bonaparte a Paul McCartney ou Jimi Hendrix, os talentos dos canhotos têm sido celebrados através das gerações. No entanto, a prevalência de pessoas que preferem a mão esquerda em relação à direita sempre foi uma estimativa aproximada – até agora.

No maior estudo global já realizado sobre dominância manual, envolvendo mais de 2,3 milhões de pessoas, pesquisadores europeus, liderados pela Universidade Nacional Capodistriana de Atenas (Grécia) e pela Universidade de St. Andrews (Reino Unido), concluíram que 10,6% da população mundial é canhota. A pesquisa foi abordada em artigo na revista “Psychological Bulletin”.

A frequência de canhotos moldou e sustentou diferentes campos de pesquisa, da neurociência cognitiva à evolução humana. Embora centenas de estudos empíricos tenham avaliado a dominância manual, nunca houve uma revisão abrangente e em larga escala da prevalência dessa dominância e dos fatores que a moderam.

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Tarefas diferentes

Para o estudo, os pesquisadores examinaram cinco meta-análises envolvendo 2.396.170 indivíduos disponíveis, de preferência para diferentes tarefas manuais. Eles mostraram que a prevalência de canhotos se situa entre 9,34% (usando o critério mais rigoroso de canhoto) e 18,1% (usando o critério mais brando de não destros). A melhor estimativa geral é de 10,6%.

Normalmente, a dominância é medida por qual mão é usada para escrever. No entanto, para esse estudo, os pesquisadores consideraram o fato de que cerca de 9% das pessoas usam mãos diferentes para tarefas diferentes, o que melhorou ainda mais a precisão de suas descobertas.

Compreender a dominância manual contribui para a nossa compreensão da evolução humana. Por exemplo, alegou-se que a dominância da mão direita, a capacidade de criar e usar ferramentas, usar a linguagem e mostrar especialização cerebral funcional e anatômica são características específicas dos seres humanos e estão intimamente ligadas entre si, na trajetória evolutiva divergente do homem em relação aos macacos.

A principal autora do estudo no Reino Unido, Silvia Paracchini, da Faculdade de Medicina da Universidade de St. Andrews, disse: “Este estudo oferecerá uma referência útil para diferentes áreas da pesquisa de dominância manual. Além de fornecer números confiáveis, ele destaca a variabilidade em estudos que dependem dos diferentes critérios usados ​​para medir essa dominância. Enquanto intuitivamente classificávamos a dominância manual como uma categoria esquerda/direita, esses dados mostram que a proporção de pessoas que usam mãos diferentes para tarefas diferentes é quase tão grande quanto a proporção de canhotos”.