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Apaixonada pelo mar desde criancinha, a americana Caroline Power já mergulhava quando ganhou sua primeira câmera subaquática aos 14 anos. Há pouco mais de uma década, a fotógrafa se mudou da Louisiana para a ilha de Roatán, em Honduras, com o objetivo de viver registrando a beleza marinha. Mas, com o passar do tempo, enquanto buscava os melhores ângulos da fauna e da flora, acabou tropeçando no lixo que está tomando essa região paradisíaca.

Em 16 de outubro, quando ela estava a caminho de um dos lugares mais intocados dessa área do Caribe, o barco onde estava navegou ao longo de 8 km de lixo flutuante e ainda se deparou com mais de 3 km de lixo cobrindo de uma ponta a outra do horizonte. “Depois dessa péssima experiência, eu estava tão indignada com a humanidade que decidi postar alguma coisa nas redes sociais. Achei que mostrar aquilo talvez pudesse fazer com que alguns amigos mudassem seus hábitos de consumo e descarte.”

Mas a repercussão daquela publicação no Facebook foi muito além do que Caroline esperava. Ela recebeu inúmeras mensagens e ligações da imprensa, ambientalistas, inventores, professores, e cientistas, entre outros, de todas as partes do mundo. “Todos querendo conscientizar sobre esse problema. Alguns me ofereceram ajuda. As pessoas se importam. Ainda existe esperança para o planeta”, comenta, como que recuperando um pouco de esperança na humanidade. Infelizmente, houve também aqueles que não conseguiram ver além do próprio umbigo. “Alguns lojistas e moradores da ilha ficaram preocupados que a repercussão internacional do problema local com o lixo afetasse o turismo.”

Impacto da imagem

Para Caroline, tanto as imagens negativas quanto fotos da natureza intacta são importantes para a proteção e a preservação do meio ambiente. “Mudança climática, poluição, venda ilegal de espécie, ameaça aos tubarões, superpopulação, desmatamento, aumento do nível dos mares… Nada disso é novidade. Mas ver uma fotografia que mostra o estrago que o ser humano está causando no planeta gera mais interesse e vontade nas pessoas de resolver o problema”, acredita.

Não é só o aspecto visual chocante que preocupa. Todos esses fragmentos são confundidos com comida pelos animais marinhos, causando muitas mortes e sofrimento. Embora uma grande quantidade do lixo encontrado na região de Roatán venha de rios da Guatemala e de Honduras, os dois países não são as únicas fontes do estrago. “Todas as pessoas de todos os países são responsáveis pela crise global do lixo. Muita gente não calcula o impacto de seus atos e hábitos diários sobre o planeta. Acham que colocar o lixo na lixeira é o fim do problema.” Mas a questão envolve desde um consumo imenso de produtos plásticos feitos para descarte após o primeiro uso até a má gestão de lixões e aterros.

Caroline enfatiza, ainda, que todas as costas, os mares e os oceanos do mundo estão sofrendo com o mesmo problema. Roatán tem até mais sorte do que a maioria, na sua opinião, porque não costuma ver suas praias cobertas pelo lixo, pois os ventos e as correntes levam a sujeira para longe. “Mas isso está mudando, quanto mais cheios os oceanos vão ficando de lixo.”