Alguns dos chamados ambientes pró-alérgicos promovem fortemente o desenvolvimento da asma e respondem ​​pelo aumento dramático da prevalência da doença, especialmente nos países industrializados. Pesquisadores da Universidade de Liège (Bélgica) identificaram como todos esses ambientes pró-alérgicos agem da mesma maneira no sistema imunológico pulmonar para induzir o desenvolvimento de asma alérgica. O estudo a esse respeito foi publicado na revista “Nature Immunology”.

O aumento exponencial de casos de asma em países industrializados nos últimos 50 anos deve-se a grandes mudanças no ambiente. Entre esses fatores estão higiene excessiva, poluição do ar ambiente ou infecções virais respiratórias.

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Até agora, o mecanismo pelo qual esses ambientes particulares induzem o desenvolvimento da asma era desconhecido. No estudo, os pesquisadores da Universidade de Liège identificaram um ator totalmente inesperado que representa um denominador comum em diferentes ambientes pró-alérgicos: neutrófilos (tipo de células imunes), que entram no pulmão e são responsáveis ​​pela sensibilização alérgica e desenvolvimento da asma. Essa descoberta permite que novas opções terapêuticas sejam consideradas na prevenção e no tratamento da asma alérgica.

Três modelos

Coraline Radermecker, a primeira autora do estudo, desenvolveu três modelos de asma em camundongos induzidos por ambientes pró-alérgicos: excesso de higiene, exposição ao ozônio (poluente do ar) e infecção pelo vírus influenza. Nos três modelos, apenas camundongos expostos a ambientes pró-alérgicos e depois expostos a ácaros, principais alérgenos em humanos, desenvolveram sintomas de asma alérgica.

A equipe observou o comportamento dos neutrófilos apenas nos pulmões de ratos expostos a ambientes pró-alérgicos. Uma vez no pulmão, esses neutrófilos liberam seu DNA, causando inflamação propícia ao desenvolvimento de uma resposta alérgica como a asma. Surpreendentemente, quando camundongos expostos a ambientes pró-alérgicos são tratados com compostos que impedem que esses neutrófilos entrem nos pulmões e liberem seu DNA, os camundongos ficam protegidos do desenvolvimento da doença.

Um estudo recente identificou esse mesmo tipo de neutrófilos em particular no sangue de uma população de agricultores americanos, os hutteritas (seita anabatista de origem alemã), expostos a uma taxa muito alta de higiene e com uma prevalência muito alta de asma alérgica. Isso sugere que esses neutrófilos também estão presentes nos seres humanos e podem estar envolvidos no desenvolvimento da asma humana.

Uma molécula já usada na medicina para tratar a fibrose cística, a pulmozima, poderia ser empregada para destruir o DNA liberado pelos neutrófilos e impedir o desenvolvimento de asma em pessoas expostas a ambientes de alto risco.