Uma boa noite de sono não é tão simples quanto parece. Enquanto você cochila, seu cérebro continua a monitorar o ambiente, equilibrando a necessidade de proteger o sono com a necessidade de acordar. Um exemplo de como o cérebro consegue isso é respondendo seletivamente a vozes desconhecidas em vez de vozes familiares, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista JNeurosci.

Pesquisadores da Universidade de Salzburgo (Áustria) mediram a atividade cerebral de adultos adormecidos em resposta a vozes familiares e desconhecidas. Vozes desconhecidas provocaram mais complexos K, um tipo de onda cerebral ligada a perturbações sensoriais durante o sono, em comparação com vozes familiares. Embora vozes familiares também possam desencadear complexos K, apenas aquelas desencadeadas por vozes desconhecidas são acompanhadas por mudanças em grande escala na atividade cerebral ligadas ao processamento sensorial.

Aspectos temporais da diferença nos complexos K desencadeados e microdespertares. Esquerda – A diferença entre UFV e FV no número de complexos K desencadeados foi significativa de 100ms a 800ms. Direita – A diferença no número de microdespertares entre FVs e UFVs foi significativa nos períodos de 200 a 400ms e de 500 a 700ms. Crédito: Ameen et al., JNeurosci 2022

As respostas cerebrais à voz desconhecida ocorreram com menos frequência à medida que a noite avançava e a voz se tornava mais familiar, indicando que o cérebro ainda pode aprender durante o sono. Esses resultados sugerem que os complexos K permitem que o cérebro entre em um “modo de processamento sentinela”, em que o cérebro permanece adormecido, mas retém a capacidade de responder a estímulos relevantes.