Depois de se tornar uma potência planetária em energia solar, a China quer estender seu domínio nessa tecnologia também para o espaço. Xie Gengxin, vice-diretor do Instituto Chongqing de Pesquisa e Inovação Colaborativa para Integração Civil-Militar no sudoeste da China, declarou em fevereiro ao jornal “China Daily” que pesquisadores da Universidade de Chongqing, da Academia de Tecnologia Espacial de Xi’an, na província de Shaanxi, e da Universidade de Xidian, também em Xi’an, iniciaram os projetos para uma instalação de testes no distrito de Bishan, em Chongqing, destinada a verificar a viabilidade teórica de uma estação de energia solar na órbita terrestre.

A ideia é pôr a estação em atividade até 2050, o que tornaria a China o primeiro país a captar a energia do Sol no espaço e transmiti-la à Terra.

A instalação, de 133 mil metros quadrados, testará tecnologias de transmissão espacial enquanto estuda o efeito de micro-ondas transmitidas de volta à Terra em organismos vivos. O investimento inicial, de US$ 15 milhões, será feito pelo governo do distrito de Bishan. Se bem-sucedido, o projeto ajudará a reduzir a poluição terrestre e a amenizar problemas de distribuição de energia.

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Na instalação de teste inicial, as tecnologias de transmissão de energia de micro-ondas serão desenvolvidas e testadas. Os efeitos dos feixes de microondas em plantas e animais também serão testados. Quatro a seis balões amarrados serão usados ​​para transportar painéis solares até uma altura inicial de 1.000 metros e depois enviar a energia de volta para o solo. Isso já seria uma melhoria significativa dos 100 metros que os pesquisadores envolvidos atualmente têm energia irradiada.

Testes de viabilidade

Na etapa seguinte, os balões serão posicionados na borda do espaço para demonstrar plenamente a viabilidade de irradiar energia dos satélites para a Terra. A construção de uma usina de pequeno a médio porte usando esse princípio para colocar um painel solar na estratosfera está planejada para ocorrer entre 2021 e 2025.

A próxima etapa será uma usina capaz de produzir megawatts orbitando a uma altitude de 36.000 km. A construção está prevista para começar em 2030, com lançamento antes de 2040. A estação seria posicionada para fornecer energia em 99% do tempo.

Finalmente, uma estação de energia solar comercial baseada no espaço, com produção na base de gigawatts, seria lançada em 2050, fornecendo energia para a Terra e irradiando-a para espaçonaves para exploração no espaço profundo.

Progressos tecnológicos

Já se cogitava usar a energia solar disponível no espaço como fonte renovável de confiança nos anos 1970, mas as dificuldades tecnológicas da época para um projeto desse porte inibiram as pesquisas. O custo de uma usina solar espacial também é um obstáculo considerável. Uma unidade dessas instalações pesa milhares de toneladas, e lançá-la de terra ou construí-la no espaço não sai nada barato.

A situação é bem diferente hoje: houve progressos consideráveis na transmissão sem fio e no design e na eficiência das células fotovoltaicas, por exemplo. E empresas como a SpaceX estão rapidamente reduzindo os custos de lançamento.

Segundo John Mankins, físico que liderou os esforços da Nasa nesse campo nos anos 1990, antes de a agência espacial americana abandonar a pesquisa, uma forma de aproveitar a energia solar no espaço seria lançar dezenas de milhares de “satélites solares”. Uma vez unidos, eles formariam uma enorme estrutura cônica orbitando a 35 mil quilômetros da Terra.

Esses satélites seriam cobertos com os painéis fotovoltaicos necessários para converter a luz solar em eletricidade. Esta seria transformada depois em micro-ondas e irradiada sem fio para receptores baseados em terra – gigantescas redes de arame medindo até 4 km de diâmetro, instaladas em lagos, desertos ou terras cultiváveis.