Agência investigou mil casos da misteriosa síndrome identificada pela primeira vez em 2016 e encontrou explicações para a maioria deles, segundo “The New York Times”. Diretor da CIA diz que apuração ainda não terminou.A maioria dos casos da chamada Síndrome de Havana pode ser explicada por causas ambientais, doenças não diagnosticadas ou estresse, em vez de ações de uma potência estrangeira, segundo reportagem publicada pelo jornal The New York Times nesta quinta-feira (20/01), baseada em fontes da CIA, a agência central de inteligência dos Estados Unidos.

A síndrome misteriosa apareceu pela primeira vez em 2016, após dezenas de diplomatas da embaixada dos Estados Unidos em Havana terem apresentado sintomas como enxaqueca, náusea, lapsos de memória, fadiga e vertigem. Alguns perderam a audição.

Na época, o incidente levou os EUA a retirar metade de seus funcionários da embaixada. O então presidente Donald Trump acusou o governo de Cuba de estar por trás dos supostos ataques, mas Havana sempre negou as acusações.

Nos anos seguintes, diplomatas e funcionários do governo americano e familiares que moram em outros países também enfrentaram os sintomas, incluindo em Viena, Paris, Genebra, Bogotá e Hanói. Especialistas levantaram diversas hipóteses para a síndrome, incluindo radiação de micro-ondas e pesticidas.

Resultados da investigação

Funcionários da CIA investigaram mil casos e encontraram explicações para a maioria deles, o que indica ser improvável que a enfermidade teria sido provocada por Cuba, Rússia ou outro país estrangeiro, segundo oficiais da agência relataram ao jornal, descrevendo as conclusões preliminares de um estudo.

A agência segue investigando 24 casos ainda sem explicação que poderiam oferecer pistas sobre se um poder estrangeiro estaria por trás dos sintomas, e um número significativo de casos segue sem explicação, disse um funcionário da CIA ao The New York Times.

O diretor da CIA, William Burns, disse em um comunicado ao jornal que a agência estava investigando uma questão complexa com “rigor analítico, rigor, boas práticas e compaixão”, e enfatizou que funcionários da agência haviam enfrentado sintomas reais.

“Embora tenhamos chegado a algumas conclusões provisórias significativas, nós ainda não concluímos o trabalho”, disse Burns. “Vamos seguir na missão de investigar esses incidentes e proporcionar acesso aos melhores cuidados aos que precisarem”, acrescentou.

No início de janeiro, o secretário de Estado Antony Blinken disse em uma entrevista que os Estados Unidos ainda não sabiam o que era a Síndrome de Havana ou quem era responsável por ela.

bl/lf (Reuters, DW)