Pesquisadores da Universidade Rockefeller (EUA) usaram células-tronco para criar um modelo 3D de seres humanos vivos que se assemelham a embriões em estágio inicial, o exemplo mais avançado dessas estruturas surgidas em laboratório, segundo um artigo publicado no periódico “Nature Cell Biology” e abordado na revista “Cosmos”. É a primeira vez que são elaborados modelos vivos de embriões humanos com estruturas tridimensionais.

Esses tecidos embrionários ainda em estágio inicial permitem a simulação de processos de desenvolvimento à medida que eles ocorrem no tempo e no espaço. Os cientistas esperam que tais criações propiciem novos insights cruciais para o desenvolvimento humano e levem a novas formas de tratar a infertilidade e prevenir abortos, defeitos congênitos e várias doenças.

Ali Brivanlou e Eric Siggia desenvolveram o conceito de usar células-tronco para modelar o desenvolvimento embrionário inicial em 2014, mas, segundo afirmam, sempre souberam que seu sistema era limitado. Por terem apenas duas dimensões, os modelos convencionais de células-tronco não assumem a forma real de um embrião, o que impede os pesquisadores de utilizá-los para estudar sua estrutura mais a fundo.

O contato com o colega Mijo Simunovic dissipou essa limitação. Com o uso de várias técnicas, como bioengenharia, física e biologia do desenvolvimento, os três criaram um modelo 3D simulando o embrião humano com cerca de 14 dias de idade, estágio no qual ocorre um marco importante do desenvolvimento embrionário, a gastrulação. “Agora temos um sistema 3D que imita não apenas a impressão genética do embrião, mas também sua forma e tamanho”, afirma Simunovic.

O avanço é importante para a ciência, mas ao mesmo tempo estimula o debate sobre os limites que os cientistas deveriam adotar na criação de modelos vivos de embriões humanos.