No início dos anos 2000, esqueletos fósseis de dois Tyrannosaurus rex comparativamente pequenos foram coletados em Montana, no noroeste dos Estados Unidos, pelo Museu de História Natural Burpee, de Illinois (EUA). Apelidados de “Jane” e “Petey”, os tiranossauros seriam um pouco mais altos que um cavalo de tração e tinham o dobro do comprimento dele.

Liderada por Holly Woodward, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Oklahoma, uma equipe de pesquisadores americanos estudou Jane e Petey para entender melhor a história de vida do tiranossauro. Seu estudo foi publicado na revista “Science Advances”.

“Historicamente, muitos museus coletavam os maiores e mais impressionantes fósseis de uma espécie de dinossauro para exibição e ignoravam os outros”, disse Woodward. “O problema é que esses fósseis menores podem ser de animais mais jovens. Então, por um longo tempo, tivemos grandes lacunas em nossa compreensão de como os dinossauros cresceram, e o T. rex não é uma exceção.”

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O tamanho menor de Jane e Petey é o que os torna incrivelmente importantes. Agora, os cientistas não só podem estudar como os ossos e proporções mudaram à medida que o T. rex amadureceu, mas também podem utilizar a paleo-histologia – o estudo da microestrutura óssea fóssil – para aprender sobre as taxas e idades de crescimento juvenil. Woodward e sua equipe removeram fatias finas dos ossos das pernas de Jane e Petey e as examinaram em grande ampliação.

Microestruturas comparadas

“Para mim, é sempre incrível descobrir que se você tem algo como um enorme osso de dinossauro fossilizado, ele também é fossilizado no nível microscópico”, disse Woodward. “E comparando essas microestruturas fossilizadas com características semelhantes encontradas no osso moderno, sabemos que elas fornecem pistas sobre o metabolismo, a taxa de crescimento e a idade.”

A equipe determinou que o pequeno tiranossauro estava crescendo tão rapidamente quanto os animais de sangue quente dos dias atuais, como mamíferos e pássaros. Woodward e seus colegas também descobriram que, contando os anéis anuais dentro do osso, assim como contando os anéis das árvores, Jane e Petey eram tiranossauros adolescentes quando morreram – tinham 13 e 15 anos, respectivamente.

Havia especulações de que os dois pequenos esqueletos não fossem T. rex, mas um parente pigmeu menor, Nanotyrannus. O estudo dos ossos usando histologia levou os pesquisadores à conclusão de que os esqueletos eram T. rex juvenis e não uma nova espécie.

Segundo Woodward, como o T. rex levava 20 anos para atingir o tamanho adulto, ele provavelmente passava por mudanças drásticas à medida que amadurecia. Jovens como Jane e Petey eram velozes, com pés fracos e tinham dentes parecidos com facas para cortar, enquanto adultos eram pesados e ​​esmagadores de ossos. A equipe de Woodward descobriu também que o T. rex em crescimento podia fazer um truque: se sua fonte de alimentos era escassa durante um ano em particular, simplesmente ele não crescia tanto. E se a comida era abundante, crescia muito.

“O espaçamento entre os anéis de crescimento anual registra quanto um indivíduo cresce de um ano para o outro. O espaçamento entre os anéis dentro de Jane, Petey e até mesmo indivíduos mais velhos é inconsistente – em alguns anos o espaçamento é próximo, e em outros [os anéis] se espalham separados”, disse Woodward.