Os benefícios da atividade física regular são muito conhecidos pela medicina, como emagrecimento, bem-estar, prevenção de doenças, ossos mais fortes e uma mente mais afiada. No entanto, nem todo mundo consegue cumprir os 150 minutos de exercício aeróbico moderado por semana, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por conta disso, cientistas pensaram em encapsular uma série de substâncias benéficas liberadas durante ou após a prática do exercício físico, sem a necessidade de se movimentar. As pílulas impactariam no ganho muscular, na queima de gordura ou no aumento da capacidade pulmonar.

Pesquisadores americanos e australianos são responsáveis pelos mais recentes avanços nessa área. Os cientistas da Universidade de Stanford, nos EUA, descobriram uma proteína chamada clusterina, um composto anti-inflamatório que é liberado em maiores quantidades quando nos exercitamos e auxilia no fortalecimento da memória.

Em um estudo publicado na revista científica Nature, os pesquisadores relataram que os animais que se exercitaram apresentaram níveis 20% mais altos de clusterina no sangue do que os sedentários.

Em outros testes, os cientistas descobriram a capacidade da clusterina de reduzir a inflamação cerebral, que, a longo prazo, pode aumentar o risco de Alzheimer. Os níveis dessa proteína no sangue das pessoas também aumenta quando elas se exercitam, mas ainda não se sabe se a clustetina impulsiona o cérebro dos humanos da mesma forma que o observado em animais. Em caso positivo, a expectativa é conseguir desenvolver medicamentos que imitam o efeito da clusterina.

Em outro estudo, pesquisadores da Universidade Nacional Australiana identificaram mensageiros químicos produzidos durante o exercício que contribuem na redução do risco de degeneração macular relacionada à idade, que causa perda de visão severa em idosos.

Na pesquisa, publicada na revista Clinical and Experimental Ophthalmology, cientistas explicaram que os compostos incluem as proteínas IL-6, envolvidas no processo de inflamação, e BDNF, associadas ao desenvolvimento e sobrevivência das células cerebrais. Com essa descoberta, os pesquisadores esperam produzir um medicamento que proporcione esses benefícios naturais do exercício para pessoas muito idosas ou frágeis.

No âmbito de perda de peso e ganha de massa muscular, pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston, identificaram um hormônio chamado irisina, que é liberado pelos músculos durante o exercício e pode ajudar na perda de peso. Testes em camundongos mostraram que injeções do hormônio são capazes de converter gordura branca, a forma de armazenamento de energia responsável pela maior parte da gordura em nossos corpos, em gordura marrom, que queima calorias em vez de armazená-las.

Em um estudo de 2020, os pesquisadores da Universidade de Michigan descobriram que uma pro­teí­na chamada sestrina, gerada naturalmente pelos músculos quando eles são exigidos, está por trás de efeitos como ganho muscular, queima de gordura e aumento da capacidade pulmonar. Após essa descoberta, uma equipe da Universidade de Southampton desenvolveu um composto químico capaz de desencadear a perda de peso e reduzir os níveis de açúcar no sangue.

Os cientistas da Universidade do Estado da Luisiana induziram artificialmente muitos dos efeitos positivos do exercício isolando proteínas mensageiras da contração muscular e aplicando-as a diferentes tecidos e órgãos. No futuro, a expectativa é que essas mesmas proteínas possam ser entregues na forma de uma pílula.

Apesar disso, a maioria esses estudos ainda está em fase laboratorial, em células ou animais e ainda não se sabe se esses efeitos funcionarão em humanos quando uma dessas pílulas estará disponível no mercado. Mas, as possibilidades estão abertas, principalmente, para ajudar idosos frágeis, pessoas incapacitadas fisicamente e para ajudar as pessoas a começarem uma rotina de atividade física.